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Economia “Taxa de juros muito alta penaliza mais a Caixa e clientes”, diz a presidente do banco

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Semana passada, presidente da Caixa foi demitida para atender ao centrão. (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

A presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Rita Serrano, disse que o nível da taxa de juros definida pelo Banco Central (BC), atualmente em 13,75% ao ano, penaliza mais o banco. Segundo ela, a concorrência sai ganhando com juros altos porque pode aplicar no mercado financeiro. Já a Caixa precisa emprestar porque é o banco social do governo.

Em entrevista ao jornal O Globo, ela disse que encontrou um banco “desestruturado” e com problemas na área de tecnologia. Leia trechos a seguir:

1) Em que situação a senhora recebeu a Caixa?

Encontramos um banco desestruturado, com sérios problemas em tecnologia, falta de investimentos. Do ponto de vista dos empregados, a gestão pelo medo foi muito forte. Pretendemos mudar essa cultura. A rotatividade de cargos causou um problema sério porque perdemos a continuidade das operações em alguns setores.

Muita gente jovem ascendendo na carreira sem preparo. Muita gente foi defenestrada. Estamos encontrando profissionais muito qualificados que hoje estão como técnicos bancários em agências. Foi uma politica terrível na qual o banco perdeu a sua inteligência.

2) Quais os efeitos práticos da falta de investimento em tecnologia?

Uma das consequências é lentidão nos sistemas. Com equipamentos completamente obsoletos, você atende mal os clientes porque não tem agilidade necessária. O sistema pode ficar fora do ar. Na quarta-feira (da semana passada, dia 8), por exemplo, o Pix da Caixa ficou fora uma hora e meia. É inconcebível um banco desse tamanho ter parado seus investimentos em equipamentos e sistema.

3) O que será feito nessa área?

Será feita a troca dos equipamentos. Nós encerramos o processo seletivo para quatro vice-presidentes e dentre eles, o de Tecnologia. Estamos em andamento com vários processos licitatórios para a compra de equipamentos. Vamos revisar até março todo o planejamento estratégico do banco.

4) A Caixa enfrenta problemas de liquidez?

Hoje, o banco não está com problemas de liquidez, mas, como o resultado é menor e a necessidade de investir em algumas áreas é maior, a realidade vai impor limites nas operações. Não podemos esquecer da decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) que mandou a Caixa devolver R$ 20 bilhões em IHCDs (Instrumento Híbrido de Capital de Dívida) em quatro anos, o que vai restringir um pouco a capacidade de novas operações.

Na semana passada, pedi ajuda ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para intermediar o processo junto ao TCU, no sentido de ao menos alongar o prazo por mais sete, oito anos.

5) A carteira de crédito pode se prejudicada?

A carteira de crédito já começou a ser limitada no fim do ano passado. Este ano, com a devolução de R$ 3 bilhões em IHCD, teremos uma restrição de crédito maior, se não for possível chegar a um acordo com o TCU.

6) O consignado para beneficiários do Bolsa Família continua suspenso na Caixa?

Continua suspenso. O governo anunciou nova regra com juros mais baixos e não sei se vamos retomar. Neste momento, estamos avaliando se a operação tem viabilidade econômica com as novas regras.

7) A senhora é contra essa modalidade de empréstimo?

Não se deve fazer consignado de um benefício social. Esse benefício é para as pessoas se alimentarem e você não pode endividar essas famílias. A operação foi feita pelo governo anterior com cunho eleitoreiro, e a Caixa entrou de cabeça.

8) A senhora endossa as críticas ao nível da taxa de juros do Banco Central?

A taxa de juros alta traz um problema ainda maior para a Caixa. A maioria dos bancos ganha dinheiro investindo recursos em tesouraria e não ofertando crédito, eles se protegem. Já a Caixa, por ser um banco social, tem que investir em crédito, a gente vem tendo restrições em algumas operações porque precisa orçamento para isso. A taxa de juros muito alta penaliza mais a Caixa e os clientes.

9) O presidente Lula tem ampliado as críticas aos juros e ao presidente do BC, Roberto Campos Neto. A senhora concorda?

A taxa de juros está muito alta, é uma das mais altas do mundo e uma das funções nas regras do Banco Central é que haja também um olhar para a geração de emprego. Não falo com relação ao presidente do BC, mas a política de definição da taxa de juros é algo que precisa ser olhado com mais atenção porque você acaba agudizando a crise econômica.

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https://www.osul.com.br/taxa-de-juros-muito-alta-penaliza-mais-a-caixa-e-clientes-diz-a-presidente-do-banco/ “Taxa de juros muito alta penaliza mais a Caixa e clientes”, diz a presidente do banco 2023-02-14
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