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Opinião Taxa de juros: se o governo esperava algum sinal de alívio do Banco Central, a ata do Copom foi como um balde de água fria

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Foi a primeira vez que o Copom elevou os juros desde o início do terceiro mandato de Lula. (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

Se o governo esperava algum sinal de alívio do Banco Central (BC), a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) foi como um balde de água fria. O comunicado divulgado após a reunião realizada na semana passada, na qual os juros foram elevados em 0,25 ponto porcentual (p.p.), para 10,75% ao ano, já não havia deixado espaço para ilusões. Por meio da ata, no entanto, o BC não dourou a pílula e enviou recados ainda mais contundentes.

O principal deles diz respeito à política fiscal, classificada como “expansionista”. A gastança, somada a um mercado de trabalho robusto e à expansão do crédito às famílias, elevou o consumo, a demanda agregada e o dinamismo da atividade econômica, razão pela qual o Copom acredita que o hiato do produto tenha passado para o campo positivo.

Em outras palavras, o governo tem contribuído diretamente para fazer a economia crescer acima de sua capacidade. Crescer sem ter bases para sustentar esse desempenho gera inflação, e inflação, em se tratando de Banco Central, se combate, basicamente, com juros mais elevados.

A ata foi além. Disse, com todas as letras, que a percepção dos agentes do mercado sobre o crescimento do gasto público e a sustentabilidade do arcabouço fiscal tem causado impactos no preço dos ativos e nas expectativas e, por óbvio, sobre a política monetária. Criticar os agentes na esperança de que revejam sua perspectiva, como integrantes do governo têm feito desde a semana passada, quando o relatório de receitas e despesas do quarto bimestre foi divulgado, é inócuo.

“Uma política fiscal crível, embasada em regras previsíveis e transparência em seus resultados, em conjunto com a persecução de estratégias fiscais que sinalizem e reforcem o compromisso com o arcabouço fiscal nos próximos anos são importantes elementos para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de riscos dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”, recomendou o BC.

Para não dizer que foram apenas críticas, o Copom disse que “incorpora em seus cenários uma desaceleração no ritmo de crescimento dos gastos públicos ao longo do tempo”. E o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse haver certo “exagero” por parte do mercado financeiro na precificação dos riscos fiscais. Ao contrário do governo, no entanto, Campos Neto afirmou que não cabe ao BC julgar essa visão, mas somente compreendê-la para saber como reagir a ela.

Na ata, os diretores preferiram não indicar uma sinalização sobre os próximos passos a serem tomados pelo Copom, mas reforçaram o compromisso de fazer a inflação convergir rumo à meta, embora a tarefa esteja “mais desafiadora”. Fato é que as expectativas estão desancoradas, um “fator de desconforto comum a todos os membros do comitê”. E elas continuam a subir.

No mais recente Boletim Focus, a mediana do IPCA subiu de 4,35% para 4,37% em 2024, de 3,95% para 3,97% em 2025 e de 3,61% para 3,62% em 2026. Em todos os cenários, a inflação está acima do centro da meta de 3%, e isso tudo a despeito da elevação dos juros anunciada na semana passada.

Assim, o mercado reforçou as apostas sobre um aumento ainda maior da Selic na próxima reunião, nos dias 5 e 6 de novembro. Pesquisa realizada pelo Projeções Broadcast mostrou que 38 de 46 instituições passaram a esperar uma alta de 0,50 p.p. após a ata – na semana passada, um dia após a reunião, essa era a expectativa de 23 das 41 casas consultadas.

Foi a primeira vez que o Copom elevou os juros desde o início do terceiro mandato de Lula da Silva, mas, desta vez, o presidente manteve silêncio – ao menos até agora. Faz quase um mês que o governo indicou Gabriel Galípolo para o comando do BC, e embora ele ainda não tenha passado pela sabatina no Senado, nada indica que terá dificuldades na tarefa.

Mais difícil será convencer o governo sobre a necessidade de adotar uma política fiscal mais austera e sincronizada com a política monetária, que não pressione a taxa de juros neutra da economia e não aumente o custo da desinflação. De saída, Roberto Campos Neto parece já ter passado o bastão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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