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| Taxas de juros caem com inflação um pouco mais baixa do que o esperado

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Governo prevê que contas terão em 2022 primeiro superávit em oito anos. (Foto: Marcello Casal/Agência Brasil)

Os números do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) foram a senha para um alívio na curva a termo de juros. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o índice, na margem, foi de 1,73% em abril. Ainda que a mais alta para um mês desde fevereiro de 2003, a taxa veio abaixo dos 1,82% que eram a mediana do Projeções Broadcast.

Por mais que não tenha mudado substancialmente as apostas do mercado para a Selic terminal, houve espaço para a queima de prêmios nos contratos, com queda mais forte concentrada no intervalo intermediário.

Assim, o DI para janeiro de 2023 caiu de 13,028% na terça (26) para 12,97% nesta quarta-feira (27). O janeiro 2024 mergulhou de 12,713% a 12,54%. O janeiro 2025 cedeu de 12,141% a 12,005%. E o janeiro 2027 encolheu de 11,98% a 11,87%.

A surpresa positiva com a inflação não impediu, contudo, de revisões para cima nas projeções. O JPMorgan, por exemplo, elevou a estimativa de 7,6% para 8,0%. A do Credit Suisse passou de 7,8% para 8,3%.

No Banco Original, a previsão de 7,7% para o fechamento do ano ainda não foi alterada, mas o economista-chefe Marco Caruso admite que há um desconforto com o número e que o viés é de alta. “O IPCA-15 muda muito pouco a nossa visão para o IPCA fechado de abril e o do encerramento do ano”, afirma. Ele estima 0,92% para o índice este mês.

O economista pontua que, em termos de política monetária, o IPCA-15 não trouxe grande alteração ao cenário-base do Banco Central. “Eu acho que não vai muito longe. De agora adiante são ajustes finos. É muito menos na ponta do lápis e muito mais em termos qualitativos. O grosso do impacto deste ciclo de juros vai bater no segundo semestre de 2022 e começo de 2023”, diz.

Nas precificações do mercado, a tendência é semelhante. Há 100% de chance de Selic a 12,75% em maio, tal como o telegrafado pelo BC.

Para junho, as apostas se dividem entre 12,75% (60%) e 13,00% (40%). Há ainda residual para agosto – 80% das chances em taxa básica em 13% e 20%, em 13,25%.

Para a virada do ano, a curva embute uma taxa básica entre 13% (52%) e 13,25% (48%).

Vilões

Os vilões da inflação continuam sendo o grupo alimentação (2,25%) e transportes (3,43%). Além da gasolina, a alta nas tarifas de táxi contribuiu para a subida.

A variação mensal fez com que a taxa em 12 meses atingisse 12,03% contra 10,79% do acumulado até o mês de março.

“Apesar do número elevado, há, agora, a perspectiva mais clara de que podemos estar de fato chegando no pico da inflação, uma vez que, para maio, não devemos ter altas de combustíveis (uma vez que já está sendo plenamente absorvida agora) e podemos ter uma alta menor. Não quero com isso apontar que a inflação irá melhorar, mas em termos relativos pode ser ‘menos pior’ em 12 meses. Mantemos nossa projeção de IPCA para o fim de 2022 em 8,06%”, disse André Perfeito, economista-chefe da Necton.

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