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TDAH: alguns pacientes prosperam em períodos de estresse, aponta estudo

Pesquisadores observaram maior alívio dos sintomas em momentos de "alta demanda ambiental". (Foto: Reprodução)

Um novo estudo conduzido por pesquisadores de diversas instituições americanas constatou que algumas pessoas com diagnóstico de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) prosperam durante períodos de alto estresse. O trabalho foi publicado neste mês na revista científica The Journal of Clinical Psychiatry.

Ao jornal britânico The Guardian, a psicóloga clínica e professora de Psiquiatria na Universidade de Washington, nos Estados Unidos, Maggie Sibley, principal autora do estudo, contou que sua pesquisa começou com o objetivo de avaliar se adultos conseguiam se recuperar do transtorno.

“O que descobrimos foi um padrão de TDAH flutuante, e a maioria das pessoas que melhoravam voltavam a apresentar sintomas de TDAH posteriormente”, contou a cientista.

Já para o estudo mais recente, ela analisou novamente os dados das pesquisas anteriores em busca de quais circunstâncias foram mais associadas aos episódios de alívio dos sintomas do TDAH. Inicialmente, ela acreditava que períodos de baixo estresse poderiam estar relacionados a uma melhora, mas o que descobriu foi na direção oposta.

O novo trabalho separou os 600 participantes em três grupos de pacientes: os que experimentaram períodos de recuperação aparentemente completa do transtorno, os que tiveram momentos de remissão parcial e aqueles cujos sintomas permaneceram estáveis, sem alívio ao longo de todo o tempo do estudo.

Os pesquisadores observaram que, entre aqueles que atingiam momentos de recuperação completa, isso era mais comum em períodos de “alta demanda ambiental”, ou seja, de estresse.

“Pacientes com TDAH podem se sair melhor quando precisam se superar. E vemos isso em um nível micro… prazos podem parecer úteis, ou quando as coisas são mais urgentes, você consegue ser mais produtivo e focado”, disse Sibley.

Arij Alarachi, estudante de doutorado em Psicologia na Universidade McMaster, no Canadá, que pesquisa TDAH e não participou do estudo, disse ao Guardian acreditar que faz sentido a existência de uma resposta diferente do transtorno em determinadas circunstâncias.

Outra conclusão do estudo foi que aqueles que atingiram recuperações consideradas parciais eram mais propensas a terem ansiedade. Alarachi contou que, em sua pesquisa, de fato encontrou pacientes com TDAH que dizem que a ansiedade os ajuda a controlar a impulsividade.

Sibley diz que esse mecanismo é como dirigir um carro de um carro. “O TDAH pode ser o acelerador, e a ansiedade é o freio, ajudando as pessoas a se inibirem um pouco”, disse.

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