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Esporte Técnicos de futebol brasileiros têm histórico recente de problemas cardíacos

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No início deste ano, o técnico Renato Portaluppi foi submetido a uma cirurgia para correção de arritmia cardíaca. (Foto: lucas Uebel/Grêmio)

Casos de problemas cardíacos envolvendo técnicos de futebol brasileiros têm tido certa frequência. Além de Abel Braga, do Flamengo, recentemente alguns deles tiveram de se afastar do trabalho por alguma ocorrência considerada séria. Muricy Ramalho, que abandonou a carreira, Renato Portaluppi, do Grêmio, e Cuca, à época no Santos, fazem parte dessa lista.

Mas será que a profissão sobrecarrega tanto o coração? Para especialistas, seria um exagero afirmar que ser técnico de futebol é mais perigoso para o coração do que outras atividades. Porém, as condições que os profissionais trabalham à beira do campo favorecem situações como a vivida por Abel Braga, que teve um episódio de arritmia cardíaca no fim do Fla-Flu no Maracanã, no Rio.

“É uma atividade profissional extremamente estressante. Envolve tomada de decisões, têm de gerenciar vários atletas e problemas. Sabem que a carreira depende de resultados, a taxa de demissão é alta. Mas não é uma profissão insalubre, não precisa deixar de fazer isso”, explica o cardiologista Claudio Gil, especializado em medicina do esporte.

O que traz mais risco a esses profissionais sob estresse, no entanto, é o estilo de vida, diz Gil. Uma condição cardíaca bem controlada, com medicação, acompanhamento médico e atitudes saudáveis, evitará riscos à beira do campo. Enquanto os jogadores têm alguma rotina para estar bem antes do jogo, o técnico pode virar a noite, beber e estará lá no comando.

No contexto de um grupo de meia-idade, com heranças genéticas ou não, e hábitos pouco saudáveis, as ocorrências se tornam mais prováveis. Não necessariamente fatais. Nem é motivo para gerar pânico. Além disso, pedir que técnicos de futebol não se descabelem com um erro de arbitragem ou uma jogada equivocada não está na ordem do dia. Mas os especialistas apontam algumas medidas que tornam as experiências estressantes menos arriscadas.

“Evitar álcool, excesso de cafeína, praticar exercícios e uma boa alimentação reduzem riscos de ter incidência de arritmia”, afirma Augusto Scalabrini Neto, médico cardiologista do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

Claudio Gil lembra que muitos dos treinadores foram jogadores, com uma atividade aeróbica constante e bons hábitos, mas não mantiveram tal comportamento ao longo da vida. Isso tem um preço: “O fato de ter sido um jovem ativo não adianta. Exercício não é vacina. Resultado passado não garante resultado futuro, igual mercado financeiro”.

tags: futebol

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