Quarta-feira, 23 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 1 de abril de 2019
Em 1988, o asteroide 6478 Gault foi descoberto, então com 4 quilômetros de largura. Localizado no cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter, o objeto está, na verdade, se desintegrando completamente. Ao menos é o que astrônomos usando o telescópio espacial Hubble observaram nesta semana.
Embora o asteroide tenha sido observado por telescópios muitas outras vezes ao longo das últimas décadas, até novembro do ano passado ele se mantinha intacto, quando cientistas viram sinais de que algo estava mudando ali. Em janeiro deste ano, Gault já havia desenvolvido uma cauda de poeira semelhante à encontrada em cometas, estendendo-se por mais de 800 mil quilômetros.
Hipóteses diversas foram levantadas para explicar a mudança no Gault, incluindo a ideia de que uma colisão com outro objeto poderia ter feito o asteroide começar a jorrar materiais, mas um novo artigo concluiu que, na verdade, o asteroide está se despedaçando talvez sem um impacto com outro objeto – praticamente se autodestruindo.
Olivier Hainaut, do European Southern Observatory (ESO), explica que este tipo de evento de autodestruição é bastante raro. “Asteroides ativos e instáveis, como o Gault, só agora estão sendo detectados por meio de novos telescópios que examinam todo o céu, o que significa que asteroides como este, que estão se comportando mal, não conseguem mais escapar de nossa detecção”, disse.
O estudo, que ainda será publicado no The Astrophysical Journal Letters, mostra com imagens do Hubble que Gault está sendo arrastado por duas caudas estreitas de detritos, indicando que esse material foi expelido por um par de rajadas curtas que duraram algo entre algumas horas e alguns dias.
No cinturão de asteroides existem cerca de 800 mil objetos conhecidos, e os astrônomos atribuem esse estado frágil do asteroide ao chamado Efeito Yarkovsky-O’Keefe-Radzievskii-Paddack (YORP), que dita que a radiação eletromagnética do Sol interage com pequenos objetos no Sistema Solar, como este asteroide, por exemplo, fazendo com que eles girem cada vez mais rapidamente, o que os torna instáveis. O asteroide “poderia estar à beira da instabilidade por 10 milhões de anos, e mesmo uma pequena perturbação, como um leve impacto de uma pedra, pode ter desencadeado as recentes explosões”, explica Jan Klevna, principal autor do estudo.
Ainda de acordo com os pesquisadores, as caudas observadas no Gault começarão a desaparecer nos próximos meses, quando a poeira se dispersar pelo espaço.