Jorge Bastos Moreno
Em entrevista a esta coluna, ontem, o vice-presidente da República e coordenador político do governo, Michel Temer considerou “descabida” a tese de que, agora, com a aprovação da PEC da Bengala, os ministros do STF estariam obrigados a uma nova sabatina no Senado.
“É uma tese que não tem cabimento jurídico nem político, porque os ministros já foram sabatinados, e seus mandatos estão sendo apenas alongados. Sob o ponto de vista político, ao alongar a permanência dos ministros, o Congresso está referendando automaticamente os requisitos básicos que levaram à aprovação dos mesmos: o notório saber jurídico e a reputação ilibada.”
E, em resposta ao senador Renan Calheiros, que disse que a aprovação da PEC “foi uma derrota da presidente e do seu vice”, Michel Temer disse que a matéria nunca foi tema de governo e lembrou que ele, quando presidente da Câmara, colocou-a por duas vezes em votação, sem a menor interferência do Executivo.
Difícil
Lula anda espalhando por aí que tem sido procurado por diversos chefes de Estado que tentam e não conseguem ser recebidos por Dilma. Depois, os políticos daqui acham que a implicância é só com eles.
Fiel escudeiro
Impaciente com a bancada do PT, que resistia ao fechamento de questão em apoio à MP 665, Dilma mandou à Câmara seu braço-direito Giles Azevedo, para pedir por ela aos deputados petistas que dessem seu voto a favor do primeiro ponto do ajuste. Discreto, reuniu-se individualmente com deputados, enquanto ministros petistas participavam das reuniões com a bancada.
Dívida
Dilma deve, em grande parte, a aprovação do seu ajuste fiscal ao ACM Neto.
Dó da Dilma
Serra virou guru do Renan. É consultado para tudo. A ligação é antiga. Quando ministros de FH, Renan, da Justiça, e Serra, da Saúde, tiveram uma atuação conjunta de sucesso no caso das pílulas de farinha, da multinacional Schering. Em 2010, quando o tucano concorreu a presidente, ele ganhou em apenas um estado brasileiro, contra Lula: Alagoas.
Nem com a Bíblia
Levi era um cobrador de impostos chamado por Jesus para ser apóstolo. Ao aceitar o convite, tornou-se Mateus. Levi, como todo encarregado de recolher as taxas para o imperador, era odiado pela população. Essa passagem da Bíblia circulou pelo WhatsApp das bancadas no dia da votação do ajuste. Serviu mais como conhecimento sobre o livro sagrado do que como persuasão.
Prejuízo
Depois de ter saído da eleição presidencial com dívidas que chegam a quase R$ 9 milhões, o PSDB está fazendo conta de cada centavo. Durante a votação do ajuste fiscal, o partido produziu uma faixa, erguida no plenário, que dizia “Dilma, MP 664 e 665, nem que a vaca tussa”. Responsável pelo material, Bruno Araújo foi cobrar dos colegas da oposição uma “vaquinha” para pagar a faixa, que custou R$ 450. Os deputados fizeram cara de paisagem.
Voo do tucano
Já que falamos nele, Serra deixou de ser tucano para virar uma arara, anteontem, no aeroporto de Brasília. Perdeu o voo e, para remarcar, disse que teve que pagar uma fortuna. “O que está me deixando maluco é essa história de ir e voltar toda semana de Brasília”.
Hermanos
Perdeu dinheiro quem apostou num desentendimento real e duradouro entre Renan e Eduardo Cunha. A rapidez com que Renan promulgou a PEC da Bengala, aprovada pela Câmara, fez cair a ficha dos iludidos.
E se…
A revelação do áudio da reunião do Conselho da Petrobras em que Mantega defendeu esconder a perda de patrimônio da estatal tem pelo menos dois efeitos colaterais. Primeiro, contribui para desmascarar a ideia, vendida pela Petrobras à CPI, de que seria trivial destruir os áudios. Segundo, permite imaginar o grau de risco a que o governo Dilma estaria exposto se os áudios de Pasadena não tivessem evaporado.