Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 8 de junho de 2017
Com a previsão de que a crise política não se encerra com o fim do julgamento do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o presidente Michel Temer defende que a reforma da Previdência seja levada ao plenário da Câmara dos Deputados apenas depois da apresentação de denúncia contra ele pela PGR (Procuradoria-Geral da República).
A expectativa do Palácio do Planalto é de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a apresente na semana que vem, o que, na visão da gestão peemedebista, prolongaria a instabilidade política e poderia colocar em risco a aprovação das mudanças na aposentadoria.
Como a reforma previdenciária enfrenta resistência até na base aliada, a avaliação de assessores e auxiliares presidenciais é de que ela “mais atrapalharia do que ajudaria” neste momento e de que o esforço prioritário deve ser o de garantir a permanência do peemedebista no cargo.
“A [reforma da] Previdência subiu no telhado momentaneamente. Deve ficar para agosto. Até que poeira baixe, não dá para computar voto”, disse o deputado Beto Mansur (PRB-SP), um dos principais aliados de Temer no Congresso.
Mansur, que retomaria a contagem de votos a favor da reforma previdenciária, não levou o plano adiante nesta semana de Legislativo esvaziado.
A ordem neste momento é focar na mobilização da base aliada para rejeitar uma denúncia. Para não se tornar réu e ser afastado temporariamente do cargo, o presidente precisa do apoio de 172 deputados federais.
No entanto, o governo quer ter uma votação expressiva para sinalizar uma eventual retomada de sua base aliada.
Com a ameaça de desembarque do PSDB, o presidente iniciou ofensiva sobre o chamado “centrão”, formado por partidos como PP, PR, PTB e PSD. Para garantir o apoio, o Palácio do Planalto tem negociado cargos na máquina pública.
A nova previsão é de que, diante da possibilidade de denúncia, a reforma previdenciária fique apenas para o segundo semestre. O Palácio do Planalto espera que, até lá, a crise política apresente um arrefecimento, o que poderia favorecer a aprovação das mudanças na aposentadoria.
O número de votos favoráveis computados antes da crise política gerada pela delação da JBS variava de acordo com o interlocutor -entre 225 e 300-, mas estava sempre abaixo dos 308, mínimo necessário para aprovar uma a PEC (Proposta de Emenda à Constituição).
Aliados do presidente no Congresso defendem que a matéria só seja levada à plenário com a segurança de aprovação, o que, para o governo, significa conquistar entre 320 e 330 votos. (Folhapress)