Segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 27 de agosto de 2017
Na véspera de sua viagem para China, o presidente Michel Temer vai realizar nesta segunda-feira uma reunião ministerial no Palácio do Planalto.
O objetivo, segundo um assessor palaciano, é reunir ministros e presidentes de outros órgãos, como Ilan Goldfajn, do Banco Central, e Paulo Rabello de Castro, do BNDES, para fazer um balanço das ações do governo e estabelecer metas para o ano que vem.
A reunião, marcada para as 15h, é mais uma tentativa de retomar a agenda positiva do governo, e será a primeira depois que a denúncia apresentada contra Temer por corrupção passiva foi derrubada na Câmara dos Deputados, em 2 de agosto.
O presidente quer começar a sinalizar que o governo tem projetos sólidos e que 2018, quando ocorrem as eleições, será o ano da retomada do crescimento econômico.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que inicialmente tinha um compromisso em São Paulo, cancelou a agenda e irá participar do encontro.
China
Temer embarca para a China na terça-feira para participar da reunião do Brics, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Vai levar na bagagem as possibilidades de negócios abertas após os anúncios das privatizações, como a Eletrobras, e das concessões de aeroportos.
Ele se encontrou neste domingo com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para discutir as pautas prioritárias para o governo enquanto estiver longe do País, já que só retorna ao Brasil no dia 6 de setembro. Enquanto isso, Maia ocupará interinamente a Presidência da República.
Nesta semana, o governo espera realizar votações importantes no Congresso, como a aprovação do projeto que altera as metas fiscais de 2017 e 2018 e a conclusão do debate da Medida Provisória que cria a TLP, nova taxa de juros para empréstimos do BNDES.
O Planalto também espera avançar com a discussão sobre o programa de parcelamento de débitos tributários, o Refis.
Popularidade
O pacote de privatizações lançado pelo governo é a aposta do presidente Michel Temer não apenas para tentar conter o rombo no Orçamento e enfrentar a crise econômica, mas também para recuperar popularidade em 2018. Pesquisas feitas em redes sociais nos últimos dias, já analisadas pelo núcleo político do Palácio do Planalto, mostraram que, quando o tema privatização é abordado, a aprovação do governo sai de 4% e chega a 15%.
O “salto” ocorre somente nesse caso. Os dois dígitos foram obtidos nesta segunda-feira, quando o Ministério de Minas e Energia anunciou a venda da Eletrobras, e se mantiveram com a divulgação de que a Casa da Moeda e o aeroporto de Congonhas estão na lista do que será oferecido à iniciativa privada.
Na avaliação de auxiliares de Temer, as privatizações podem dissipar as desconfianças do mercado sobre os rumos da economia e, de quebra, reaproximar o discurso do governo da sociedade, principalmente da classe média. Desde as delações da JBS, que vieram à tona em maio, levantamentos indicam a deterioração da imagem do presidente.
Foi por isso que os dados obtidos nas redes sociais após o anúncio do plano animaram o Planalto e a cúpula do PMDB. Agora, até mesmo uma pesquisa qualitativa da Fundação Perseu Abramo, braço acadêmico do PT, está sendo lembrada por interlocutores de Temer para mostrar que a população quer um Estado mais enxuto.
Feita entre novembro de 2016 e janeiro deste ano na periferia de São Paulo, a consulta revelou que ex-eleitores do PT veem o Estado como “inimigo” responsável por se apropriar do dinheiro dos impostos e fornecer serviços de baixa qualidade.
Para o ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral), o pacote não tem apenas objetivo fiscal. “É evidente que, do ponto de vista econômico e social, deveríamos ter um programa para enfrentar o desafio do emprego e da renda, além de melhorar a infraestrutura”, argumentou ele. (AE)