Quarta-feira, 02 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 25 de maio de 2018
Questionado nesta sexta-feira (25) sobre se os caminhoneiros não estariam fazendo a parte deles no acordo com o governo para suspender a paralisação, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse que é preciso “dar um tempo” para os líderes da categoria conversarem com as bases. Ele ainda afirmou que os efeitos do acordo não ocorrem “imediatamente”.
Caminhoneiros entraram nesta sexta no quinto dia de paralisação em diversos Estados do País e no Distrito Federal. Eles fazem uma série de reivindicações, entre elas a contenção do preço do óleo diesel.
O acordo entre o governo e lideranças da categoria foi anunciado na noite de quinta-feira (24), no Palácio do Planalto. O documento prevê a suspensão da greve por 15 dias. O governo se comprometeu, entre outros itens, a manter a redução de 10% no valor do diesel nas refinarias, anunciada pela Petrobras, pelos próximos 30 dias, com compensações financeiras da União à estatal.
Padilha falou sobre o tema com jornalistas após participar de um evento sobre governança em um dos anexos do Palácio do Planalto. “Eles [caminhoneiros] assinaram. Eles vão levar às suas bases. É isso que foi dito, é isso que está escrito. Eles vão levar às suas bases. Então nós temos que dar também um tempo. Isso não é imediatamente. Eles vão levar os dados todos às suas bases”, afirmou Padilha.
Para o ministro, é um “processo lento” até que o acordo firmado com as lideranças da categoria chegue aos caminhoneiros nas estradas. “É um processo que é lento. Nós tivemos ontem [quinta-feira] as lideranças negociando por muitas horas, e o comando das lideranças, para chegar na base, não é instantâneo, não é imediato”, disse Padilha.
O ministro afirmou que o governo “confia” e que ele tem “certeza” que os caminhoneiros vão cumprir o acordo. “A nossa aposta é que o movimento vá sendo desmobilizado progressivamente. Não sei se terá normalidade total no fim de semana. Acreditamos que o processo inicia hoje [sexta-feira], mas é impossível prever com que tempo teremos plena normalidade”, declarou.
Segundo o ministro, o governo também vai cumprir sua parte no acordo “na medida em que tenha contrapartida da parte dos caminhoneiros”. Padilha foi perguntado se o governo pode desfazer o acordo caso os caminhoneiros mantenham a greve. “Quando se faz um acordo, se pressupõe compromisso de ambas as partes”, disse.
Entidades
De acordo com a assessoria da CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos), apesar de representar 1 milhão de caminhoneiros, a entidade não tem poder de desmobilizar a greve, apenas de sugerir que haja o desbloqueio das vias. Cabe aos caminhoneiros decidir se acatam ou não.
O presidente da Unicam (União Nacional dos Caminhoneiros), José Araújo Silva, disse que, apesar de estar presente na reunião de quinta com o governo, não assinou o acordo porque “não confia no governo”. De acordo com Silva, a greve só acaba quando a pauta original proposta pelos caminhoneiros – que inclui a eliminação do PIS-Confins do diesel – for atendida. A Unicam, segundo o presidente, representa 1 milhão de caminheiros.