Sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 11 de julho de 2023
O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro informou que ficaria em silêncio durante o depoimento
Foto: Bruno Spada/Câmara dos DeputadosO presidente da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro deputado Arthur Maia (União Brasil-BA), afirmou nesta terça-feira (11) que estuda “medidas cabíveis” contra o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Maia deu a declaração após Mauro Cid ter se negado a responder a todas as perguntas feitas pelos parlamentares durante a sessão encerrada após cerca de 6 horas. O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro informou que ficaria em silêncio durante o depoimento. Cid como base a decisão da ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), que o autorizou a ficar calado quando fosse perguntando sobre assuntos que pudessem incriminá-lo.
Na abertura, Arthur Maia já havia dito a Cid que, embora tivesse obtido a decisão do STF, estaria obrigado a responder às perguntas que não fossem relacionadas às investigações sobre ele.
O tenente-coronel se manteve em silêncio até mesmo durante pergunta da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) que o questionou sobre qual a idade tem. Mauro Cid disse que ficaria em silêncio. Com a negativa, o presidente da comissão levantou a possibilidade de fazer uma denúncia contra Cid perante o STF devido ao seu comportamento.
“Isso acarretará na necessidade de nós […] apresentarmos uma denúncia contra o senhor Cid ao Supremo Tribunal Federal, haja vista que a ministra do Supremo determinou que, aquilo que não o incriminasse, ele tinha obrigação de responder, uma vez que ele não está aqui só como depoente, mas como testemunha. É o procedimento que ele está adotando e, obviamente, cabe à CPI adotar as medidas cabíveis”, disse o presidente da CPMI.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou durante a sessão que Mauro Cid está preso ilegalmente, classificando acusações contra ele como “criminosas e caluniosas”.
“Se condena tanto aqui a postura de Moro, mas o que acontece hoje é muito além daquilo que foi proibido naqueles tempos, que era a prática de condução coercitiva”, disse.
A CPMI é formada por 32 titulares (16 senadores e 16 deputados federais) e 32 suplentes. Governistas devem ter o apoio de 14 a 18 parlamentares titulares. O restante é composto por independentes e oposicionistas.
No celular do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, a Polícia Federal encontrou mensagens sobre um possível golpe de Estado. Entre os interlocutores, estava o coronel Jean Lawand Junior, que cobrava Cid para que fosse colocado em prática um plano, em oito etapas, para que as Forças Armadas assumissem o comando do País diante da derrota de Bolsonaro nas urnas.
Desde que foi preso, no início de maio, o tenente-coronel já foi ouvido seis vezes pela Polícia Federal. Cid foi preso por suspeita de participação em um suposto esquema de fraude em certificados de vacinação durante a pandemia de Covid-19. Ele também é investigado em outros dois inquéritos que apuram o seu envolvimento nos atos de 8 de janeiro e no caso das joias recebidas da Arábia Saudita pelo governo Bolsonaro.