Sábado, 30 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 24 de julho de 2024
Cartazes com um presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, de tamanho gigante dominam a capital, onde mal se vê propaganda da oposição, representada pelo diplomata aposentado Edmundo González. Ainda assim, pesquisas preveem derrota esmagadora do governo neste domingo (28).
A esperança é que o forte desejo de mudança leve a uma vitória tão grande que Maduro não tenha opção a não ser aceitar a derrota. Mas poucos creem nisso.
“Presumindo que as pesquisas sejam precisas, ele tem duas escolhas”, disse Mark Feierstein, ex-assessor do ex-presidente dos EUA Barack Obama para a América Latina. “Ou aceita a derrota […] ou lança ofensiva repressora, mas isso não é tão fácil. Se os resultados forem claros e as pessoas estiverem nas ruas comemorando, isso muda a dinâmica.”
TSE
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu nessa quarta-feira (24) não enviar observadores para acompanhar a eleição presidencial da Venezuela, marcada para o fim de semana.
A decisão foi tomada em razão de acusações mentirosas que o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, fez contra o sistema eleitoral brasileiro. Maduro é candidato à reeleição.
“Em face de falsas declarações contra as urnas eletrônicas brasileiras, que, ao contrário do que afirmado por autoridades venezuelanas, são auditáveis e seguras, o Tribunal Superior Eleitoral não enviará técnicos para atender convite feito pela Comissão Nacional Eleitoral daquele país para acompanhar o pleito do próximo domingo”, afirmou o TSE em nota.
O tribunal havia decidido na semana passada enviar os observadores. Agora, cancelou a medida. O não envio dos técnicos brasileiros é um recado do tribunal de que não quer participar, ainda que como observador, do pleito venezuelano.
Maduro, sucessor político do ex-presidente Hugo Chávez, ganhou duas eleições na Venezuela. Uma, em 2013, após a morte de Chávez. A outra, em 2019. Ambas, de acordo com o oposição local e com entidades internacionais, tiveram problemas de transparência e de respeito a princípios democráticos.
O pleito deste ano está sob suspeita de que vai repetir os problemas dos anteriores. Maduro, que controla a comissão eleitoral, impediu duas rivais de participar, sob argumentos obscuros. Além disso, oposicionistas denunciam intimidações durante a campanha e manipulação na mídia.
Nos últimos dias, Maduro subiu o tom sobre a eleição presidencial, até mesmo com ataques ao Brasil.
No fim da semana passada, ele fez uma ameaça. Disse que, se não ganhar a eleição, haverá um “banho de sangue” na Venezuela.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, no ano passado, buscou reintegrar Maduro ao continente, afirmou que ficou “assustado” com a declaração sobre o “banho de sangue”.
Maduro, na noite de terça (23), deu uma resposta sem citar o nome de Lula. Disse que quem estiver assustado “deve tomar chá de camomila”. A reação chama atenção, já que ele costumava ser aliado de Lula.
Depois, ele atacou o sistema eleitoral brasileiro, sem provas e de forma mentirosa.
O TSE reforçou a total segurança das urnas e relembrou que são auditadas.
“São auditáveis e auditadas permanentemente, são seguras, como se mostra historicamente. Nunca se conseguiu demonstrar qualquer equívoco ou instabilidade em seu funcionamento. Na democracia brasileira, o voto do eleitor é livre e garantido democraticamente por um processo transparente, de lisura e excelência comprovada, o que assegura a confiança do brasileiro no sistema adotado”, afirmou o TSE.
Além disso, a comunidade internacional, incluindo organizações como a Organização dos Estados Americanos (OEA) e a União Europeia (UE), tem reiteradamente elogiado o sistema eleitoral brasileiro pela sua robustez e confiabilidade, contrastando com as frequentes críticas ao processo eleitoral venezuelano, que tem sido acusado de falta de transparência e de práticas antidemocráticas.