O dólar comercial encerrou o primeiro pregão da semana cotado a R$ 5,5366, com uma alta de 0,39%, em meio aos temores sobre a inflação mundial e seu impacto sobre o crescimento das economias desenvolvidas e emergentes.
Com um cenário de maior risco e as expectativas de redução dos estímulos monetários nos Estados Unidos, investidores têm recorrido à moeda para mais segurança.
Esse foi o maior patamar para o dólar comercial desde o dia 20 de abril, quando a divisa fechou em R$ 5,5563. No mês de outubro, a moeda já acumula valorização de 3,09%.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa de São Paulo, por sua vez, fechou em queda de 0,58%, aos 112.180 pontos.
“Há uma expectativa de anúncio da redução das compras de títulos (tapering) por parte do Fed (banco central americano) em novembro. Essa mudança da política monetária americana fortalece o dólar no mundo todo, e nossa expectativa é que ela ocorra de fato em 2022”, afirma Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Órama.
Retirada de estímulos
O Federal Reserve (Fed) tem sinalizado que a economia dos Estados Unidos está se aproximado das metas para o início da retirada gradual dos estímulos monetários.
A expectativa é que a medida comece pela redução das compras mensais de Treasuries, os títulos da dívida pública americana, e de ativos lastreados em hipotecas.
Uma das últimas etapas do tapering deverá ser o aumento da taxa de juros no país, que hoje está entre zero e 0,25%.
Isso fará com que países emergentes, como o Brasil, que são mais arriscados, mas possuem taxas de juros mais altas, tornem-se menos atrativos, na medida em que os investimentos nos Estados Unidos passariam a ter uma rentabilidade maior.
“Existe a discussão do ambiente inflacionário que a gente vive hoje, e isso acaba naturalmente gerando uma maior aversão ao risco dos investidores que buscam segurança em moedas fortes. Então por um lado a gente tem a atratividade dos investimentos em dólar pela abertura dos juros futuros por lá, que estavam em níveis bastante deprimidos, e ao mesmo tempo uma maior aversão a risco, que acaba aumentando os investimentos nessa moeda”, aponta Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.
Segundo o analista, o real se prejudica por ser emergente e por questões domésticas, como a falta de uma definição em relação ao Orçamento do ano que vem, que depende de algumas pendências, como o Auxílio Brasil e a PEC dos precatórios.
Inflação volta a pesar
Para o head de Renda Variável da Zahl Investimentos, Flávio de Oliveira, as preocupações com a inflação a nível global também voltaram a pesar nos mercados, contribuindo para a queda das bolsas americanas e, por tabela, do Ibovespa.
“Você tem um dia de baixa liquidez nas duas pontas, preocupações com inflação e não há negociação dos títulos do Tesouro, então o mercado sente”, disse Oliveira, destacando que a alta exibida pelo petróleo no dia contribui para aumentar esses temores.
Segundo o especialista da Zahl, a alta do dólar no dia reflete essas preocupações com a inflação, que aumentam as expectativas de que a retiradas dos estímulos esteja mais próxima.
Mas ele destaca que a cotação no atual patamar não é apenas ligada aos fatores externos.