Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 19 de dezembro de 2016
O ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou nesta segunda-feira (19) que ele e sua equipe trabalharão durante o mês de janeiro, período de recesso no Judiciário, para analisar toda a documentação das 77 delações repassadas nesta segunda pela PGR (Procuradoria-Geral da República).
A PGR entregou as delações ao STF um dia antes do início do recesso do Judiciário. Dada a exiguidade de tempo, Teori e a equipe dele analisarão e catalogarão tudo e, principalmente, ouvirão os 77 ex-executivos da Odebrechet, na presença dos advogados, e sem a participação dos procuradores, para que eles confirmem se falaram por livre e espontânea vontade.
Questionado sobre se ele e sua equipe trabalharão em janeiro, Teori respondeu: “Vamos trabalhar. Dividindo um pouquinho [os trabalhos]. […] Nós temos trabalhado. Juízes é que normalmente não trabalham. A minha equipe normalmente tem trabalhado. Em julho nós trabalhamos. Embora eu não esteja aqui sempre, eu monitoro e faço as coisas. Não vai ser a minha eventual ausência física de Brasília que vai atrasar”.
Teori foi indagado ainda sobre se pretendia ouvir novamente alguns dos delatores e se seria possível que toda a análise e a homologação dos acordos poderiam estar prontos antes de fevereiro, mês em que as atividades no Judiciário são retomadas.
“Nós vamos seguir a lei. Não examinei ao material que vem, vou examinar. Mas vamos seguir aquilo que a lei manda. Em face dessa excepcionalidade, nós vamos trabalhar”, disse.
“Acho difícil que se consiga fazer isso [homologar os acordos antes de fevereiro] se é o volume de material que se diz. Porque também conheço por notícia. […] Eu não gostaria de fazer esse exercício de futurologia […] Vou dar o ritmo normal. Mas, como eu disse, da parte que me toca, não vai ter atraso”, concluiu o ministro.
Relator da Lava Jato, Teori disse, ainda, “lamentar” o vazamento de delações para a imprensa. No acordo de delação, a que a TV Globo teve acesso, o ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho envolve dezenas de políticos, de vários partidos, inclusive o presidente Michel Temer.
O ex-diretor de Relações Institucionais da empresa diz que Temer, então vice-presidente da República, pediu R$ 10 milhões diretamente a Marcelo odebrecht, num jantar no palácio do Jaburu, em Brasília. Cláudio Melo Filho afirma que R$ 6 milhões foram para a campanha de Paulo Skaf (PMDB) ao governo de São Paulo, em 2014, e os outros R$ 4 milhões, segundo o acordo de delação, ficaram sob responsabilidade de Eliseu Padilha, atual ministro do governo Temer, para ser distribuído.
Ainda segundo Cláudio, um dos endereços para entrega dos R$ 4 milhões destinados a Padilha foi o escritório de advocacia de José Yunes, em São Paulo, o que deixa a entender que o repasse foi em dinheiro vivo. Yunes pediu demissão do governo, onde ocupava o cargo de assessor especial da Presidência, no Palácio do Planalto, depois que as informações deste acordo de delação se tornaram públicas.
“Pelo que eu vi não foi propriamente um depoimento que foi vazado. Pelo que eu vi. Mas de qualquer modo é lamentável que estas coisas aconteçam. É lamentável”, afirmou o ministro, falando sobre os vazamentos. (AG)