O ataque de garimpeiros a uma base montada pelo Ibama, Funai e Força Nacional na aldeia de Palimiú foi premeditado e tinha o objetivo de retirar toneladas de cassiterita de dentro da terra indígena Ianomâmi. A informação é do presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, que tem acompanhado de perto a megaoperação do governo federal em Roraima.
“Foi um ataque programado. As embarcações estavam carregadas até o talo de cassiterita, eles não queriam perder o produto, e aí se precisar usar arma de fogo eles usam. Eles estavam bem equipados”, disse Agostinho.
Principal minério do estanho e conhecido como “ouro negro”, a cassiterita é um dos metais mais procurados hoje na Amazônia.
Segundo agentes do órgão ambiental, o grupo de garimpeiros esperou anoitecer para furar o bloqueio. Eles reuniram sete embarcações para passar de uma vez e chegaram atirando contra os agentes do Ibama e Força Nacional, que estão acampados no local.
Eles conseguiram arrebentar um cabo de aço de 240 metros que foi instalado no meio do rio Uraricoera – principal porta de entrada para os garimpos na reserva indígena. Os agentes revidaram com tiros, mas eles fugiram com o minério.
Os garimpeiros estavam a bordo das chamadas “voadeiras” – barcos de 12 metros cada, com motores potentes de 200 HP.
O cabo de aço havia sido instalado na última segunda-feira com o objetivo de impedir a passagem dos garimpeiros à noite. Sabendo que a fiscalização só acontecia durante o dia por questões de segurança, os exploradores esperavam a madrugada para atravessar a base sem serem incomodados.
Um dos garimpeiros acabou sendo ferido durante a troca de tiros. O Ibama avisou a Polícia Federal, que passou a vasculhar os hospitais de Boa Vista atrás do homem baleado. Gelson Miranda, de 32 anos, acabou sendo encontrado no Hospital Geral de Roraima e foi preso pela PF.
Segundo o presidente do Ibama, a barreira metálica que havia sido danificada já foi consertada e foi reerguida de uma margem à outra no rio. Ele também já entrou em contato com a Polícia Federal e as Forças Armadas para reforçar a segurança na base.
“Não fomos lá para a guerra, mas a presença do Estado é forte. Estamos lá para garantir a integridade da terra indígena e que o problema do garimpo se esgote nesse local”, afirmou Agostinho.
Há dois anos, a mesma comunidade de Palimiú foi atacada a tiros por garimpeiros armados. Ninguém morreu, mas alguns indígenas ficaram feridos na ocasião.
Além de ações pontuais para queimar balsas e maquinário do garimpo, a base permanente do Ibama em Palimiú é uma das medidas que mais têm rendido frutos na megaoperação deflagrada pelo governo federal. Na última terça-feira, dois barcos de garimpeiros acabaram ficando presos na barreira metálica. Nos veículos, os agentes apreenderam duas toneladas e meia de cassiterita e um pedaço de ouro em estado bruto.
A rotina na base envolve interceptar as embarcações que sobem e descem o rio Uraricoera. Os agentes revistam os garimpeiros e impedem que eles entrem na Terra Indígena com combustível e suprimentos utilizados no abastecimento da atividade ilegal.