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Território dos Estados Unidos, mas sem votação: entenda como a ilha de Porto Rico pode influenciar as eleições americanas

Durante um comício em Nova York, Tony Hinchcliffe zombou dos latinos. (Foto: Reprodução)

A ilha de Porto Rico se tornou um dos principais assuntos na reta final da eleição presidencial dos Estados Unidos. O território que fica no Caribe não tem votos no Colégio Eleitoral e não terá urnas para votação, mas poderá impactar diretamente o resultado.

No dia 27, o humorista Tony Hinchcliffe afirmou que Porto Rico é uma “ilha flutuante de lixo no meio do oceano”. Os comentários causaram polêmica em todo o país e foram feitos enquanto ele se apresentava em um comício de Donald Trump em Nova York.

Porto Rico está sob o domínio dos Estados Unidos desde o fim do século 19. No entanto, a ilha não é oficialmente um estado, nem tem representantes no Congresso — é o chamado “território não incorporado”.

Nesta condição, toda pessoa que nasce em Porto Rico também é considerada cidadã americana. Sendo assim, essas pessoas têm o direito de votar na eleição presidencial, desde que se mudem da ilha para um dos 50 estados norte-americanos.

Quem mora na ilha não está apto a votar. Atualmente, Porto Rico pode participar apenas das primárias presidenciais. Ou seja, os porto-riquenhos ajudam a escolher quem serão os candidatos das eleições para presidente, mas não poderão elegê-los.

A situação é diferente para um porto-riquenho que vive nos Estados Unidos. Ele pode se registrar e votar normalmente nas primárias e nas eleições presidenciais.

Atualmente, quase 6 milhões de pessoas nascidas em Porto Rico moram em um dos estados norte-americanos.
Isso representa cerca de 9% da população latina do país.

Mas a atenção, agora, está voltada para os porto-riquenhos que vivem em dois estados: Pensilvânia e Arizona – considerados estados-chave nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. Isso significa que não existe uma tendência clara sobre qual candidato os eleitores dessas regiões vão apoiar: Donald Trump ou Kamala Harris.

Antes de tudo, vale lembrar que as eleições nos EUA são definidas no Colégio Eleitoral: isso significa que cada Estado tem um peso diferente, representado pelo número de “delegados”. Para ser eleito presidente é necessário ser o mais votado em diferentes estados e acumular, ao menos, 270 delegados.

Pesquisas de opinião indicam que Trump e Kamala estão empatados na Pensilvânia e no Arizona, dentro da margem de erro. Em 2020, Joe Biden venceu nos dois territórios, o que foi essencial para que ele fosse eleito presidente. Somados, os dois estados têm 30 delegados.

Cerca de 450 mil porto-riquenhos moram na Pensilvânia. Eles representam a grande maioria dos eleitores latinos do estado, que são estimados em 615 mil pelo Pew Research Center. Em 2020, Biden ganhou na região por uma diferença de apenas 80 mil votos.

Já no Arizona são 855 mil eleitores latinos. Por lá, a vitória de Biden foi por uma diferença de pouco mais de 10 mil votos. Em um cenário de empate e indecisão, o fato de os porto-riquenhos e latinos terem se irritado com o comentário de um humorista em um comício de Trump pode fazer a diferença nas eleições.

Se grande parte desse eleitorado se voltar para Kamala Harris, a democrata pode ganhar votos importantes para conseguir vencer nos dois estados. Isso representaria uma derrota dura para Trump, que ficaria mais longe de se eleger presidente.

A polêmica

Durante o comício em Nova York, Tony Hinchcliffe zombou dos latinos, dizendo que “eles adoram fazer bebês”, parodiou judeus e palestinos e ridicularizou um homem negro com o estereótipo de que afro-americanos gostam muito de melancia. Além disso, falou sobre Porto Rico.

“Há uma ilha flutuante de lixo no meio do oceano neste momento, acho que se chama Porto Rico”, disse o humorista.
Os comentários fizeram com que artistas como Bad Bunny, Jennifer Lopez e Ricky Martin anunciassem apoio a Kamala Harris.

O governador Pedro Pierluisi, que é democrata, criticou o humorista em uma rede social e disse que todos que aplaudiram Hinchcliffe deveriam se sentir envergonhados. Ele afirmou ainda que “lixo” é o que “saiu da boca” do comediante. “Comentários como esse expõem os preconceitos e o racismo que, lamentavelmente, ainda existem em nossa nação”, disse. As informações são do portal de notícias G1.

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