Sábado, 16 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 8 de fevereiro de 2023
Em experimento, novo teste de sangue consegue diagnosticar a doença de Alzheimer com até 3,5 anos de antecedência, segundo cientistas britânicos. Publicados na revista científica Brain, os resultados da pesquisa são bastante animadores, mas a descoberta ainda é preliminar e mais testes são necessários até que a tecnologia chegue ao mercado.
“Nossos achados são extremamente valiosos e, potencialmente, vão nos permitir prever o início da doença de Alzheimer precocemente, de maneira não invasiva”, afirma Edina Silajdžić, uma das autoras do estudo e pesquisadora do King’s College London (KCL), no Reino Unido, em comunicado.
Para a especialista, os biomarcadores encontrados no sangue de pessoas que, futuramente, vão desenvolver o Alzheimer devem se somar a outras evidências já conhecidas da doença, como o acúmulo das proteínas beta-amilióides, em placas, no cérebro. Dessa forma, médicos terão mais ferramentas para fechar um diagnóstico e estimular medidas que possam retardar a evolução do quadro.
No estudo para o novo teste de sangue do Alzheimer, os pesquisadores recrutaram 56 voluntários com Comprometimento Cognitivo Leve (MCI) — nesta condição, o indivíduo começa a experimentar piora no nível de capacidade cognitiva e de memória. Foram coletadas amostras de sangue e passaram por avaliação cognitiva.
De forma geral, pessoas com MCI têm uma taxa maior de incidência do Alzheimer que a população em geral. Por exemplo, entre os recrutados, 36 receberam o diagnóstico da doença neurodegenerativa ao longo do estudo, que durou seis anos. No recorte específico, a condição afetou 64% dos indivíduos.
O que acontece com o sangue de quem desenvolve Alzheimer?
Ao analisar as amostras de sangue dos pacientes que desenvolveram Alzheimer e compará-las com as amostras mais antigas (do início do estudo), a equipe identificou algumas mudanças significativas. Por exemplo, ocorreu diminuição na taxa de crescimento e de divisão celular. Além disso, há um aumento na morte celular apoptótica — quando a célula é programada para morrer.
Os pesquisadores também observaram que essas amostras tinham uma taxa maior de conversão de células cerebrais imaturas em neurônios do hipocampo — parte do cérebro —, como uma tentativa de impedir que o quadro se estabelecesse. Seria uma espécie de mecanismo de compensação precoce para a neurodegeneração, característico em pacientes que ainda vão desenvolver os primeiros sintomas clínicos da doença. Estas modificações começam a surgir com até 3,5 anos de antecedência.
Agora, a próxima fase da pesquisa será entender se esse processo é comum para todos os tipos de pessoas. Por isso, os cientistas devem recrutar um número maior de voluntários, provenientes de diferentes populações, o que aumentará a diversidade da amostra e a validade da descoberta.