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Testosterona e menopausa masculina: urologista dá dicas para a saúde do homem

A andropausa, também conhecida como menopausa masculina, aflige muitos homens a partir dos 40 anos. (Foto: Reprodução)

Um levantamento da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), com base em dados do Ministério da Saúde, mostrou que jovens do sexo masculino entre 16 e 19 anos buscam três vezes menos o urologista na rede pública em comparação com a frequência com que meninas da mesma idade recorrem ao ginecologista.

O cenário é um dos muitos exemplos de como homens cuidam menos da saúde, um fato que ajuda a explicar por que a expectativa de vida para mulheres é cerca de sete anos superior àquela do sexo masculino. Para mudar isso, é preciso informação, defende o urologista Gustavo Cardoso Guimarães.

Por isso, o especialista — que é fundador e diretor do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR), professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenador-geral dos departamentos cirúrgicos oncológicos da Beneficência Portuguesa de São Paulo — oferece conselhos para que as pessoas vivam mais e melhor.

Quando se deve começar o acompanhamento urológico? O acompanhamento urológico começa logo após o nascimento, quando o pediatra verifica, ainda na sala de parto, se os testículos estão localizados corretamente na bolsa escrotal, uma estrutura fora do abdômen. Durante o desenvolvimento fetal, os testículos se formam dentro do abdômen e, em seguida, descem naturalmente para a bolsa escrotal antes do, ou logo após, o nascimento.

No entanto, entre 4% e 5% das crianças podem nascer sem o testículo na bolsa. Se um ou ambos não descerem para a bolsa escrotal nos primeiros seis meses de vida, a criança deve ser examinada por um especialista para avaliar se o testículo se formou corretamente ou se está parado no canal inguinal, que fica na região da virilha, entre o abdômen e a bolsa escrotal.

Além disso, ainda na fase pediátrica, o urologista pode acompanhar para tratar possíveis casos de fimose, quando a pele não permite expor a glande. Logo, o acompanhamento começa ainda no início da vida.

– Menopausa masculina existe: A andropausa, também conhecida como menopausa masculina, aflige muitos homens a partir dos 40 anos. Ela é caracterizada pela diminuição da produção de testosterona. Dentre os sinais, o de maior destaque é a diminuição do desejo sexual, com menor incidência de ereções espontâneas, como as que acontecem durante o sono.

Mas, com menor frequência, pode haver também a diminuição do tamanho dos testículos. São sintomas ainda as ondas de calor; a diminuição da motivação ou da autoconfiança; a dificuldade de concentração e de memória, que frequentemente são atribuídas ao estresse e cansaço ou confundidos com depressão; a alteração do humor, o ganho de peso – com aumento da gordura corporal e redução da massa e da força muscular –; a diminuição da densidade óssea; o aumento dos mamilos; a perda de pelos do corpo; a insônia e o cansaço excessivo.

Esta diminuição dos níveis de testosterona pode ir além destes sinais e sintomas e levar a problemas de saúde como doenças cardíacas e osteoporose (fragilidade dos ossos e risco aumentado de fraturas). Porém, embora seja uma etapa normal do envelhecimento, a andropausa pode ser controlada por meio de alterações dos hábitos de vida e medicamentos

Para ajudar na prevenção, a recomendação é a adoção de hábitos saudáveis, como ter uma dieta equilibrada, rica em frutas, verduras e vegetais (com auxílio de nutricionista); não fumar; não consumir bebidas alcoólicas em excesso; praticar exercícios físicos regularmente e dormir de 6 a 8 horas diariamente.

A reposição hormonal, sob supervisão médica, pode desacelerar a perda de testosterona e ajudar a controlar os sintomas causados pela andropausa. No entanto, se adotado de forma errada, sem indicação de um médico, esse tipo de tratamento pode aumentar o risco de trombose e doenças cardiovasculares, além de potencializar o risco de câncer de próstata agressivo. Por isso, é fundamental procurar um endocrinologista e/ou um urologista antes de iniciar qualquer forma de tratamento com hormônios.

– Câncer de testículo é mais comum em jovens: Embora seja raro quando consideradas todas as faixas etárias, com incidência que representa apenas 5% de todos os tipos, o câncer de testículo ocorre com mais frequência em jovens. Com 32 mil novos casos registrados entre indivíduos de 15 e 34 anos a cada ano no mundo, o diagnóstico é o câncer mais comum nesta faixa etária.

Um dos sintomas do câncer é um inchaço ou nódulo na região, porém somente a avaliação do especialista, e a realização de exames, poderá dizer se é ou não um tumor.

Além disso, quando o assunto é tumor urológico, o vírus HPV é um dos fatores de risco mais determinantes para câncer de pênis. Por isso, é muito importante que os meninos também sejam vacinados. O imunizante é indicado para aqueles de 9 a 14 anos. Na rede pública, homens de 9 a 45 anos com Aids, em tratamento oncológico ou transplantados também podem receber a aplicação, mediante apresentação de relatório médico

– Não use anabolizantes sem indicações médicas: O uso de anabolizantes e de suplementação de testosterona entre jovens que frequentam academias com fins de ganho muscular é mais um grave problema atual a ser abordado nas consultas médicas.

Especialmente para os adolescentes, ainda em fase de desenvolvimento físico, esse uso inadequado pode levar a consequências graves no desenvolvimento musculoesquelético, como o fechamento precoce das cartilagens de crescimento e deformidades ósseas.

Além disso, em todas as idades, esse uso excessivo de testosterona pode levar à atrofia dos testículos, resultando em infertilidade e dependência de testosterona para o resto da vida. Por isso, o uso, sem ser indicado pelo médico, é completamente desaconselhado. As informações são do jornal O Globo.

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