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Thaila Ayala fala de sua busca espiritual depois do suicídio do pai: “Nunca vivi algo tão forte”

“Tinha preconceito com o evangélico, achava que era aquele que vendia espaço no céu. Até que uma amiga insistiu para eu ir com ela. Estava precisando e fui", conta. (Foto: Reprodução)

O primeiro contato para esta entrevista acontecer foi em agosto. Thaila Ayala havia causado comoção nas redes sociais ao postar seu batismo na Igreja Pentecostal Anabatista. A atriz não queria mais falar sobre o assunto, estava fora do país outra vez, mas topou posar para a reportagem assim que a agenda permitisse. Não foi papo. Thaila manteve contato e o encontro rolou na casa do fotógrafo e melhor amigo, André Nicolau.

Passados três meses do rebuliço causado pelo momento de fé compartilhado, Thaila se sente mais à vontade para falar de sua busca espiritual sem que isso se torne um chamariz. E não é coisa de momento. Aos 17 anos, a atriz passou por um momento delicado com o suicídio do pai. “Ele se matou por problemas que a falta de dinheiro causou”, diz.

Durante um tempo, Thaila não conseguia falar sobre a morte dele. Fez e faz terapia há anos e procurou respostas em diversas religiões, do budismo ao hinduismo, do catolicismo à cabala: “Precisava saber que ele não tinha ido para o inferno, que a gente iria se reencontrar”.

Thaila fez primeira comunhão, crisma, ia à igreja. Mas foi em um culto cristão, no entanto, que ela viveu sua experiência mais significativa. “Tinha preconceito com o evangélico, achava que era aquele que vendia espaço no céu. Até que uma amiga insistiu para eu ir com ela. Estava precisando e fui. Nem sabia que igreja era. Não sei dizer o que aconteceu lá, mas me senti tão emocionada. E quando fizeram uma oração para mim, caí no chão, completamente tocada pelo Espírito Santo. Nunca vivi algo tão forte. Eu dava risadinha dos meus amigos crentes quando contavam isso. Mas eu vivi!”

“Quando me batizei, queria ser uma pessoa melhor e caminhar ao lado de Deus mesmo. Eu acordo todo dia e tento entender o Deus em que acredito e é muito difícil essa busca. Ainda não me sinto 100% ligada a uma religião. Acho até que muitas vezes a religião separa as pessoas.”

Thaila lê a Bíblia, às vezes se confunde, liga para sua orientadora, quer entender o que o livro diz. Se vê mudada não só pela religiosidade, mas pela chegada dos 30 anos. “Não tive crise, estou muito mais madura, tem algo libertador nessa idade”, pondera ela, que se mostra menos impulsiva, mais racional e muito focada. O ano de 2016 foi para ela um período bastante produtivo. “Fiz seis filmes esse ano. Se em 2017 estrearem estes e outros que já foram rodados antes, as pessoas vão dizer: ‘ai , meu Deus, essa mulher de novo!’”, brinca ela.

A atriz garante que não correu atrás de uma carreira internacional. “Fui passar três meses fora do Brasil quando me separei do Paulo [Vilhena, com quem foi casada cinco anos]. Precisava me encontrar, passar por essa dor sozinha, em um lugar onde pudesse me sentir livre. Tinha paparazzo na minha porta o dia todo no Rio. Não dava. Precisava me reorganizar”, justifica ela, que mais uma vez está solteira, após terminar o namoro com o modelo francês Adam Senn, há três meses: “Estou em uma fase em que preciso estar comigo mesma. Ele é sensacional, mas eu não estava totalmente dedicada à nossa relação”.

Os dias de Thaila, porém, não são solitários. Se tem algo que ela sabe fazer é amizade. Sua agenda tem contatos preciosos que a colocam nas melhores festas do planeta, por exemplo. Em um destes eventos, acabou cruzando com o ator James Franco, de quem havia ficado próxima por conta de uma campanha da Gucci que fizeram. “Ele me perguntou se eu faria uma participação em um filme dele. Eu topei, claro. Só que meu inglês era ruim. Não praticava direito nem o verbo to be”, relembra.

Com o ator ela fez “The Long Home”, e mais recentemente “The Pretenders”, no qual vive uma supermodelo, vítima de fofoca. Não foi o único papel de destaque. O maior deles será no blockbuster “Picapau”, em que faz a namorada do maior rival do pássaro. “Fiz alguns testes e consegui o papel. Logo depois, recebi propostas que não chegaram a me emocionar”, conta Thaila, que, vive uma patricinha arrogante no longa.

Algo que muita gente pode pensar da própria atriz. “As pessoas me julgam pelo que veem nas redes sociais. Minha vida é mesmo maravilhosa! Agradeço sempre. Mas poucos sabem como ela foi até aqui”, observa.

Nem sempre ela foi essa espécie de Alice no País das Maravilhas. Nascida em Presidente Prudente, interior de São Paulo, Thaila viu os pais se separarem ainda criança e a grana ser muito curta. Caçula de três irmãs, estudou em escola pública e sonhava dar uma vida melhor para a mãe, empregada doméstica.

“Meus colegas me sacaneavam porque eu não tinha dinheiro para a merenda e adorava aquele macarrão com salsicha do recreio”, recorda. Hoje ela é o chefe da família: “Pago algumas contas, dou conselho para as minhas irmãs criarem minhas sobrinhas. Chego junto mesmo”.

O chegar junto acontece também nas relações amorosas. Até por que ela não é de dar abertura para qualquer marmanjo bonitão. “Se vejo o cara chegando já fecho a cara. Se eu quiser, eu chego. Nunca tive problema com isso”, garante ela, que, no entanto, está curtindo a fase de empoderamento: “Às vezes, me preocupo e penso: será que vou querer alguém? Estou gostando tanto dessa liberdade”.

Uma das redescobertas que a maturidade proporcionou foi a de que ela deseja ser mãe, após um bom período em negação. A amiga, a atriz Sophie Charlotte, teve muito a ver com isso: “Quando a vi com o filho, Otto, nos braços, aquela leoa, uma mulher ainda mais incrível do que ela já era, e peguei aquele menino no colo, pensei: quero passar por isso”.

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