Terça-feira, 18 de março de 2025
Por Redação O Sul | 8 de abril de 2018
A prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi uma das manchetes de capa da edição deste domingo (08) do jornal norte-americano The New York Times, com destaque para a reviravolta que o seu encarceramento representa para as eleições presidenciais brasileiras.
“Depois de mostrar ampla liderança nas pesquisas, Lula prometeu a seus seguidores que o Partido dos Trabalhadores (PT) iria, mais uma vez, tomar o controle do destino do Brasil e priorizar políticas para reduzir a desigualdade no País”, diz o texto publicado na primeira página da edição impressa.
A matéria também destaca a reação dividida do País, com alguns brasileiros disparando rojões e fazendo buzinaço enquanto outros lamentavam a prisão. De acordo com o jornal, em Curitiba (PR) centenas de petistas cantavam o jingle da primeira campanha presidencial de Lula, em 1989, enquanto esperavam a chegada do ex-presidente do lado de fora do prédio onde ele está preso. Enquanto isso, um grupo menor batia panelas e cantava “Lula ladrão, seu lugar é na prisão”.
Segundo o jornal, se Lula vencesse o pleito, o fato marcaria um “retorno impressionante” após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. “Ela foi substituída por Michel Temer, um político de centro-direita extremamente impopular que também é acusado de corrupção”, cita o The New York Times.
A reportagem aponta ainda que Lula não indicou um possível substituto para o seu lugar nas eleições, o que deve deixar a escolha nas mãos do PT. Porém, ao cumprimentar aliados durante seu discurso no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Lula elogiou Manuela d’Ávila (PCdoB) e Guilherme Boulos (PSOL). Os dois são pré-candidatos às eleições presidenciais deste ano.
Para o The New York Times, a decisão da Justiça de prender Lula leva a questionamentos sobre a imparcialidade e o equilíbrio das eleições de outubro no Brasil.
Eleições
Mesmo com Lula condenado a 12 anos de prisão e agora detido em Curitiba após um dia de tensões e manifestações, o PT mantém a intenção de registrá-lo como candidato à Presidência na Justiça Eleitoral.
“Não será o PT que vai retirar Lula das eleições”, disse no sábado o vice-presidente nacional da sigla, Alexandre Padilha. “A lei estabelece que em agosto são registradas as candidaturas. O nome de Lula estará lá. Vamos seguir a lei e caberá ao TSE [Tribunal Superior Eleitoral] avaliar esse registro. Lula continuará a ser nosso candidato, preso ou não”, declarou.
Existe, no entanto, a probabilidade de que o TSE barre a candidatura do ex-presidente com base na Lei da Ficha Limpa, que torna condenados em segunda instância inelegíveis. Esse processo não é automático. Segundo juristas, a análise do pedido tende a levar algumas semanas, pois é preciso tempo para o Ministério Público e a defesa se manifestarem e pode haver também depoimento de testemunhas. O prazo final para o TSE se pronunciar é 17 de setembro.
“A análise da Justiça Eleitoral pode durar 20, 25 dias. Enquanto isso está acontecendo, a pessoa que entrou com o pedido de registro tem direito a fazer campanha”, disse a professora de Direito Constitucional Lara Ferreira.