Sábado, 08 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 24 de maio de 2019
A primeira-ministra britânica, Theresa May, anunciou nesta sexta-feira (24) que vai deixar, no dia 7 de junho, a liderança do Partido Conservador e que o processo de escolha de um novo líder vai começar na próxima semana.
“Continuarei a servir como primeira-ministra até que o processo esteja concluído”, disse Theresa May, em entrevista em sua residência oficial.
Ela argumentou que é dever dos políticos “implementar o que [o povo] decidiu”, referindo-se ao Brexit, aprovado há três anos. “Fiz tudo o que podia para convencer os deputados a apoiar o acordo de saída. Infelizmente, não consegui. É agora claro para mim que é do interesse do país que seja um novo primeiro-ministro a liderar esse esforço. Por isso, anuncio que irei me demitir do cargo de líder do Partido Conservador na sexta-feira, 7 de junho”, concluiu a primeira-ministra”.
“Será sempre uma matéria de grande arrependimento que não tenha conseguido cumprir o Brexit. Será função do meu sucessor procurar um caminho que honre o resultado do referendo. Para ser bem-sucedido, ele ou ela terá de encontrar um consenso no Parlamento, que eu não consegui. Esse consenso só pode ser atingido se ambas as partes em debate estiverem disponíveis para o compromisso”, afirmou May.
Visivelmente emocionada, ela acrescentou que foi a maior honra de sua vida vida ter sido a segunda mulher primeira-ministra no Reino Unido, “mas, certamente, não a última”, e ter servido ao país que ama.
Histórico
Theresa May chegou muito fortalecida ao poder. Ela assumiu o cargo de David Cameron, que renunciou depois do plebiscito de três anos atrás. Mas a primeira-ministra – que não tinha sido eleita – quis o respaldo das urnas e antecipou as eleições, esse talvez o maior erro de Theresa May.
“Uma liderança forte e estável” para negociar com os europeus. Mas os eleitores não deram o que Theresa May pediu: o partido dela perdeu a maioria no Parlamento e teve que fazer uma aliança.
A partir dali tudo mudou e começou o inferno astral de Theresa May. Ela teve que lidar com um incêndio devastador em Londres, com o envenenamento de um ex-espião russo em solo britânico, e com venenos destilados dentro do governo.
A primeira-ministra dançou para não dançar.
O Congresso do Partido Conservador seria o momento da sua vida, mas deu tudo errado: a fragilidade estava escancarada; um comediante ressaltou o sorriso amarelo. A primeira-ministra desmoronava.
Ela viu uma rebelião de ministros, mas sobreviveu a dois votos de desconfiança: do próprio partido e de todo o Parlamento britânico.
Sem ter para onde fugir, correu para pedir o adiamento do Brexit – duas vezes. A União Europeia aceitou a contragosto prolongar o prazo de saída que Theresa May tinha prometido para a 29 de março.
Mas o acordo que a primeira-ministra costurou com os europeus foi rejeitado três vezes no Parlamento e ela ainda queria uma quarta.
Mas aquela mulher inquebrável não resistiu à pressão. Nesta sexta-feira (24), disse que a maior honra da vida dela foi servir ao país que ama. A primeira-ministra mostrou a sua faceta mais humana. Foi isso que fez Theresa May sair pela porta da frente.