Sexta-feira, 22 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 17 de agosto de 2019
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Os repórteres estavam em polvorosa. De um lado, ficava o time singular. De outro, o plural. A questão: a concordância. EUA dão sinal verde para Eduardo Bolsonaro ser embaixador? Ou dá sinal verde? Ops! Nomes próprios no plural constituem verdadeira armadilha. Mas têm regras claras:
1. Acompanhados de artigo, concordam com ele. Sem o pequenino, ficam no singular: Os Estados Unidos dão sinal verde para Eduardo. O Palmeiras vencerá o campeonato? Minas Gerais fica na Região Sudeste.
2. As siglas vão atrás. Às vezes, o artigo brinca de esconde-esconde. Não aparece. Mas conta como se estivesse escrito com todas as letras: (Os) EUA dão sinal verde para Eduardo Bolsonaro. MG fica no Sudeste.
Gente fina
Pobre é ladrão. Rico é cleptomaníaco. A palavra chique vem do grego clepsidra — nome dos antigos relógios de água ou areia. Tem duas partes. Uma: klepto. Significa roubar. A outra: hydor. Quer dizer água. Clepsidra lembra aos humanos que o tempo é roubado de ricos e pobres a cada grão de areia ou pingo d´água que escorre do relógio. Daí nasceu cleptomania, hábito de roubar sem necessidade.
Quatro condições
Saída tem acento. Saidão e saidinha não. Por quê? A razão é simples como tirar chupeta de bebê. Saída joga no time de caída e distraída. O acento tem a função de quebrar o ditongo como ocorre em cai e caí, sai e saí, distrai e distraí. Para que o agudo tenha vez, quatro condições se impõem. O i:
1. tem de ser antecedido de vogal: sa-í-da
2. tem de formar sílaba sozinho ou com s: sa-í-da, e-go-ís-ta
3. tem de ser a sílaba tônica: sa-í-da
4. não pode ser seguido de nh: ra-i-nha, ba-i-nha, cam-pa-i-nha
Moral da história: saidão e saidinha não se enquadram no item 3. A sílaba tônica de saidão é dão. A de saidinha é di.
Igualzinho
O u obedece às mesmas regras — sem tossir nem mugir: sa-ú-de, ba-ú, ba-ús, Gra-já-ú.
Amazônia à venda?
É um pega pra capar. De um lado, países europeus. Eles dizem que o Brasil desmata a floresta amazônica sem compaixão. De outro, o governo brasileiro, que nega a acusação. Afirma que ninguém preserva tanto o meio ambiente quanto o Brasil. No bate-boca, a Alemanha decidiu cortar ajuda que faz para preservar aquele paraíso verde.
Bolsonaro esnobou: “A Alemanha vai parar de comprar a Amazônia à prestação”. Repórteres correram atrás da frase. Na hora de escrever, pintou a dúvida. Com crase ou sem crase? Sem certeza, uns puseram o acento. Outros, não. E daí? Trata-se da falsa crase.
Por questão de clareza, usa-se à mesmo sem a contração de dois aa. A ambiguidade ocorre nas locuções que exprimem meio ou instrumento. Eis exemplos: Vender à vista. Feriram-se à faca. Está à venda. Escrever à tinta. Feito à mão. Enxotar à pedrada. Fechar à chave. Matar o inimigo à bala. Entrar à força. Andar à toa na vida. Comprar à prestação.
O acento é obrigatório? Ou só se deve recorrer a ele em caso de ambiguidade? Sem risco de duas interpretações, fica a gosto do freguês. Mas há forte preferência pela falsa crase. Use-a. Você não correrá risco. Acertará sempre.
Rir é bom
Aparício Torelli ficou conhecido como Barão de Irararé. Bem-humorado, fazia piadas a torto e a direito. Um dia, estava fazendo prova oral. O examinador, sério, perguntou:
— Quantos rins nós temos?
— Quatro, respondeu Aparício.
O professor perdeu a fala. Os colegas explodiram em gargalhadas. Sério, Aparício explicou:
— Dois meus e dois seus.
O mestre não deixou por menos. Querendo fazer graça, pediu:
— Um feixe de capim…
Aparício foi mais rápido:
— Para mim um cafezinho.
Leitor pergunta
“Para maiores informações, ligue pra nós”, diz o anúncio. Está correto?
Andréia Santos, BH
Maiores informações? Nãooooooooooo! Informações não se medem por metro. Adicionam-se. Melhor: mais informações, mais detalhes, mais comentários.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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