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Por Redação O Sul | 20 de julho de 2015
O cafezinho, quem diria, pode ser benéfico na prevenção à depressão. É o que mostra uma pesquisa realizada pela Universidade de Coimbra, em Portugal, e apresentada durante o 9 Congresso Mundial de Neurociência da Organização Internacional de Pesquisa do Cérebro (IBRO, na sigla em inglês), no Rio de Janeiro. No estudo, pesquisadores identificaram em camundongos que a substância é capaz de inibir os receptores que provocam diversos sintomas da depressão.
No estudo, dois grupos de ratos foram submetidos a sucessivas situações negativas e extremas de estresse, como privação de água e exposição a baixas temperaturas, durante três semanas – mas só um dos grupos recebeu doses diárias de cafeína.
Ao final do período, os cientistas observaram que enquanto o grupo que não consumiu a substância passou a apresentar alterações de comportamento como imobilidade, ansiedade, perda de prazer e sociabilidade e deterioração de memória – todos sintomas típicos de depressão –, os animais que receberam café foram menos impactados por esses efeitos.
“Suspeitávamos que os receptores A2A para adenosina, que funcionam como uma espécie de sinal de estresse para o organismo, tivessem um papel importante para a doença, e foi isso que conseguimos confirmar”, diz Rodrigo Cunha, líder do estudo.
Depois de observar que os ratos com sinais de depressão passaram a apresentar uma maior atividade dos A2A para a adenosina, os pesquisadores passaram a aplicar nestes animais a istradefilina, uma fármaco da família da cafeína que inibe a atuação desses receptores. Os camundongos passaram a apresentar melhorias significativas em apenas três semanas.
“Trabalhos anteriores já mostravam que a cafeína possui um papel na recuperação da memória e na capacidade de locomoção para pacientes de doenças como Parkinson e Alzheimer, mas nosso trabalho foi o primeiro a mostrar como essa substância também pode ser muito importante para combater modificações de humor nos animais” , explica Cunha. A expectativa do pesquisador agora é realizar um estudo semelhante em humanos.
Para aqueles que desejam aderir ao cafezinho para se animar mais, o neurocientista faz algumas recomendações: “Em geral, de duas a três xícaras de expresso, de 12 mililitros com cerca de 75 miligramas cafeína cada uma, por dia, são capazes de provocar alguns benefícios. No entanto, isso varia de pessoa para pessoa. Agora, o consumo de cafeína não é recomendado para pessoas com problemas de gastrite e mulheres grávidas”. (AG)