Esqueça muitas supostas verdades que você já ouviu. Afinal, sair de casa sem agasalho não causa pneumonia, e tomar vitamina C não garante que você esteja livre de ter um resfriado. A princípio, esses e outros mitos parecem até inofensivos. Mas é preciso atenção: saber a diferença entre a verdade e as ilusões do senso comum pode melhorar a qualidade de vida e até evitar doenças.
“A maioria dos mitos relacionados à saúde são, na verdade, excesso de zelo. Sair de casa sem casaco no inverno é ruim porque você sente frio, mas isso não tem relação com a pneumonia, que é causada por bactérias”, explica o diretor da clínica Health Estetic, João Marcello Branco.
“Por outro lado, outros mitos podem ser nocivos à saúde. É o caso de dizer que cigarro light causa menos mal do que o cigarro comum. Na realidade, mesmo que o nível de substâncias tóxicas seja menor, a fumaça inalada é tão nociva quanto a de qualquer outro cigarro. O ideal é evitar todo e qualquer tipo do produto”, explica.
No livro Mitos da Saúde e 98 verdades que podem melhorar, prolongar e até salvar sua vida, a médica Nancy Snyderman esclarece, por outro lado, que alguns pontos da “sabedoria popular” contêm mais informações verdadeiras do que falsas – como tomar banho depois de comer.
“Quando comemos, o fluxo sanguíneo se concentra na região gastrointestinal. Se você tomar um banho muito quente ou muito frio depois de se alimentar, desvia a direção do fluxo do sangue para a região que está sendo atingida pela água. Isso pode causar uma oscilação na pressão arterial, e a pessoa se sente mal. Mas isso não quer dizer que ninguém pode tomar banho depois de fazer uma refeição. É só ter equilíbrio”, esclarece o médico.
Fontes confiáveis
De acordo com João Marcello, para evitar as armadilhas, é preciso se informar por fontes confiáveis. Isso exclui sites de busca na Internet e aquele conselho que o amigo-do-amigo-do-amigo jura ser infalível. “Isso não significa que o paciente não pode fazer pesquisas. O que não dá é para acreditar em tudo o que se lê. Quem tem dúvidas deve procurar um profissional de saúde”, diz.
E, se você ficou curioso sobre a vitamina C, tão receitada para prevenir resfriados no passado, aprenda: a substância só têm efeito para maratonistas – segundo estudos internacionais, aqueles atletas que tomam uma dose diária têm probabilidade 50% menor de pegar resfriados. Para o restante da população, porém, o uso diário e por um longo período de tempo pode causar efeitos colaterais, como diarreia, além de não ajudar contra os resfriados.
Dormir com o cabelo molhado adoece? Não. O que causa gripes e resfriados são os vírus e não outros fatores. Ao dormir com o cabelo molhado, é possível precipitar o aparecimento de rinite alérgica em quem já tem essa predisposição, o que provoca sintomas como a congestão nasal.
Comer ovos aumenta o colesterol? O que pode aumentar o colesterol é a forma como o alimento é preparado. Ovo frito, por exemplo, é rico em gordura, nociva para o organismo.
Ler em um ambiente com pouca luz prejudica a visão? A baixa luminosidade cansa a vista temporariamente, mas não causa nenhum efeito permanente na estrutura ocular.
Chocolate causa acne? O que causa acne é predisposição genética, falta de cuidados com a pele e produção excessiva de hormônios.
Estresse causa câncer? Segundo estudos, ainda não foi comprovada a influência de nenhum fator psicológico no desenvolvimento de tumores.
Diabéticos não podem comer doces nunca? Quem tem diabetes pode comer doces com moderação, desde que o faça com um plano de alimentação saudável orientado por um médico e pratique exercícios físicos.
Legumes congelados não são tão nutritivos quanto os frescos? Desde que as embalagens sejam manipuladas de forma correta e o congelamento seja feito uma única vez, eles não perdem vitaminas.
Café cura bebedeira? A cafeína reverte parcialmente o efeito sedativo do álcool, mas não livra o organismo dos males da substância. Beba com moderação.
Estresse faz o cabelo ficar branco? O que faz os fios ficarem grisalhos é a paralisação dos melanócitos – células que produzem pigmentos. Elas são geneticamente programadas para parar de produzir o pigmento capilar em determinada idade, independentemente do estresse.