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Total de jovens brasileiros que nem estudam e nem trabalham cai para 10,3 milhões, o menor patamar já registrado

Um a cada cinco pessoas de 15 a 29 anos no País está nesta condição. (Foto: Freepik)

A parcela de jovens entre 15 e 29 anos que não estudam nem trabalham caiu, em 2023, para 21,2% das pessoas nessa faixa etária, ante 22,3% em 2022, o menor patamar desde 2012. O número de jovens também foi o menor já registrado, mas ainda assim existem 10,3 milhões nesta situação, redução de 5,8% frente a 2022. As informações são da Síntese de Indicadores Sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira 2024, divulgada pelo IBGE.

A melhora do mercado de trabalho, da inserção escolar e a redução da participação dos jovens na composição da população ajudam a explicar, segundo o IBGE, os menores níveis desde que o indicador passou a ser acompanhado nesta pesquisa.

“[O número de jovens que não estudam nem trabalham] é um quantitativo muito associado à dinâmica do mercado de trabalho. À medida que tem retomada, com ocupação aumentando e mais oportunidades, reduz [o número]. De um lado tem menos jovens na população brasileira e, ao mesmo tempo, maior dinamismo do mercado de trabalho”, afirma a analista do IBGE Denise Guichard Freire, que acompanha de perto a evolução deste grupo no País.

Tradicionalmente, os jovens enfrentam mais dificuldade para entrar no mercado de trabalho por causa da falta de experiência. A taxa dos que não trabalham nem estudam é vista como um indicador de vulnerabilidade infantil, segundo o IBGE, porque contempla “aqueles que não estavam ganhando nem experiência laboral nem qualificação, possivelmente comprometendo suas possibilidades ocupacionais futuras”.

Mais do que a situação do mercado de trabalho e do ensino, no entanto, explicam a vulnerabilidade desses jovens. Alguns perfis de jovens têm maior incidência do fenômeno que outros: as mulheres de cor ou raça preta ou parda eram 4,6 milhões, ou 45,2% dos nem-nem, enquanto as brancas formavam menos da metade desse montante (1,9 milhão ou 18,9% do total). Os homens de cor ou raça preta ou parda eram 2,4 milhões (23,4%) e os brancos, 1,2 milhão (11,3%).

O número de mulheres de cor ou raça preta ou parda caiu 1,6% em 2023, ante 2022, ritmo menor que o de mulheres brancas (11,4%); homens pretos ou pardos (9,3%) e homens brancos (6,5%).

“As mulheres de cor preta ou parda sempre representaram o maior grupo e a redução ainda foi menor que a da média. Elas são as que têm a maior dificuldade de inserção e para as quais se deve ter um olhar mais atento das políticas públicas”, diz Freire.

A analista aponta que são mulheres que muitas vezes têm que ficar em casa cuidando de filhos e de parentes, sem uma rede de cuidados formada por creches ou asilos, por exemplo: “Elas não conseguem ir em busca de emprego”.

Pelo recorte de renda, os dados do IBGE mostram que a incidência do fenômeno dos “nem-nem” é maior entre as famílias nos menores níveis de renda. Entre os domicílios do grupo dos 10% mais pobres da população, quase metade (49,3%) não estudavam nem trabalhavam em 2023, acima dos 48,1% de 2022. Eram 42,1% em 2012. Em 2023, a taxa nesses domicílios com menores rendimentos era 2,3 vezes maior do que a média (21,2%). Na outra ponta, dos 10% mais ricos, a taxa era de 6,8% em 2022 e 6,6% em 2023, nível abaixo dos 8,3% de 2012.

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