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Colunistas Trabalho: risco ou propósito

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Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

A obrigatoriedade imposta pela NR-1 reforça um dilema: a saúde mental é responsabilidade das empresas ou uma construção coletiva entre indivíduo, governo e sociedade?

A nova exigência da NR-1 para mapeamento dos riscos psicossociais traz à tona uma reflexão crucial: cumprir regras impostas é suficiente para uma sociedade mais saudável, ou a verdadeira transformação vem da evolução cultural das empresas e das relações humanas?

Empreender no Brasil já é um grande desafio. Além da alta carga tributária e das dificuldades burocráticas, agora as empresas assumem, por obrigação legal, a responsabilidade sobre a saúde mental dos colaboradores, como se o trabalho fosse o vilão. No entanto, reduzir um tema tão complexo à mera responsabilização empresarial enfraquece o conceito de autorresponsabilidade e ignora fatores individuais e sociais que impactam diretamente o bem-estar das pessoas.

Se analisarmos o conceito de saúde mental definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), veremos que saúde mental pode ser considerada um estado de bem-estar vivido pelo indivíduo, que possibilita o desenvolvimento de suas habilidades pessoais para responder aos desafios da vida e contribuir com a comunidade. No entanto, a nova regulamentação desconsidera esse aspecto fundamental e transfere a responsabilidade para as empresas, sem levar em conta a interação entre a natureza individual, governamental e empresarial nesse processo. A saúde mental não pode ser tratada como um produto exclusivo das organizações, mas sim como uma construção coletiva que envolve também o próprio indivíduo e as políticas públicas.

Não há dúvida de que algumas regulamentações são necessárias para provocar mudanças. Mas mais do que regras, precisamos de lideranças conscientes, de uma gestão estratégica e de um modelo organizacional que compreenda o trabalho não como um fator de adoecimento, mas como uma fonte de propósito e realização. Empresas não são inimigas da saúde, são pilares da sociedade e motores do desenvolvimento econômico, social e humano.

O Estado impõe a obrigatoriedade às empresas, mas negligencia sua própria responsabilidade de promover políticas eficazes para a saúde mental da população. Enquanto isso, muitos indivíduos transferem para o ambiente de trabalho suas frustrações e desafios pessoais, esquecendo-se de que o trabalho pode ser, na verdade, um meio de prosperidade e evolução. É preciso compreender que a saúde mental é um reflexo da sociedade como um todo e que sua construção depende de um equilíbrio entre o compromisso individual, a atuação do governo e a responsabilidade empresarial.

Saúde mental não pode ser tratada apenas como um checklist corporativo. É preciso uma abordagem sistêmica que olhe para o passado como aprendizado, para o futuro como inspiração e para o presente como uma oportunidade de agir e provocar impactos notáveis no mundo. Cumprir a legislação é fundamental, mas transformar essa exigência em uma estratégia de longo prazo que fortaleça as relações humanas dentro e fora das empresas é o verdadeiro diferencial.

Diante desse cenário, estamos preparados para transformar essa obrigação em uma oportunidade de crescimento e desenvolvimento coletivo?

(Gustavo Ferreira – Empresário e Mentor – Vice-Presidente do Grupo Front – CEO Innovativa – Instagram: @gusttyferreira)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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