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Mundo Tráfico humano em Mianmar: ao menos oito brasileiros seguem capturados pela máfia chinesa

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Luckas Viana dos Santos e Phelipe Ferreira foram vítimas na fronteira entre Mianmar e Tailândia. (Foto: Reprodução)

A coordenadora da ONG Exodus Road Brasil, Cintia Meirelles, que ajuda vítimas de tráfico humano no Sudeste Asiático, informou que ao menos outros oito brasileiros seguem capturados pela máfia chinesa. Os paulistanos Luckas Viana dos Santos e Phelipe Ferreira conseguiram fugir do cativeiro em Mianmar. Os dois foram atraídos pelos mafiosos com supostas vagas de emprego na Tailândia.

De acordo com Meirelles, a máfia chinesa obrigava os prisioneiros a aplicarem golpes, visando um lucro de US$ 100 mil por mês (cerca de R$ 576 mil). Caso não cumprissem, as vítimas eram submetidas a torturas físicas e psicológicas, que incluíam choques e trabalhos forçados de mais de 18h.

“Ao menos outros oito brasileiros seguem capturados, mas esse número pode ser maior”, disse a coordenadora da ONG, completando ainda que os paulistanos estão abatidos e a salvo na Tailândia apenas com a roupa do corpo.

Fuga dos brasileiros

Luckas e Phelipe foram aprisionados no Triângulo de Ouro, região que faz tríplice fronteira com a Tailândia, Laos e Mianmar. Segundo Meirelles, ali a máfia chinesa atua capturando imigrantes de várias partes do mundo, que acabam sendo obrigados a aplicar diversos tipos de crimes cibernéticos. Os delitos vão desde fraudes de investimento em criptomoedas até os chamados “golpes do amor” em aplicativos de relacionamento.

“Eles movimentam essa grana e fazem com que esses imigrantes que estão lá não possam sair. As vítimas têm os seus passaportes retirados e a comunicação com o mundo externo totalmente vigiada ou proibida. Os prisioneiros, então, passam a ter metas financeiras para cumprir. Caso não cumpra, são torturados em salas escuras com choques, são obrigados a segurar um galão de 30 litros de água por horas. Muitos deles, na maioria das vezes, têm a alimentação restringida e também trabalham de 18 a 20 horas por dia”, relata a coordenadora da ONG.

US$ 3 trilhões ao ano

Mianmar representa um desafio para nações que tentam resgatar e proteger seus cidadãos de esquemas como esses. Nos últimos anos, o país, assim como o restante da região, que inclui Laos, Camboja e Tailândia, se tornou base para grupos criminosos, muitos de origem chinesa, que se aproveitam das vulnerabilidades locais para montarem imensas operações clandestinas.

No poder desde um golpe em 2021, a Junta Militar à frente do país não comanda boa parte do território e se vê envolvida em conflitos armados com diferentes facções de bases étnicas. Grupos criminosos associam-se às diferentes milícias atuantes em Mianmar para garantirem a continuidade dos negócios clandestinos. Em março deste ano, o secretário-geral da Interpol, Jurgen Stock, declarou que o dinheiro movimentado por esses grupos pode chegar a US$ 3 trilhões.

“Impulsionados pelo anonimato online, inspirados por novos modelos de negócios e acelerados pela Covid, esses grupos do crime organizado estão agora trabalhando em uma escala que era inimaginável há uma década”, declarou Stock, em uma coletiva de imprensa. “O que começou como uma ameaça criminal regional no Sudeste Asiático tornou-se uma crise global de tráfico humano, com milhões de vítimas, tanto nos centros de fraude cibernética como nos alvos”.

As vítimas levadas para atuar nesses golpes virtuais ficam mantidas em complexos que funcionam como prisões. É o caso do KK Park, na fronteira entre a Tailândia e Mianmar. Identificado como Lucas, uma das vítimas desse esquema descreveu o local à emissora alemã Deustche Walle em uma reportagem publicada em janeiro deste ano.

“Trabalhamos 17 horas por dia, sem queixas, sem férias, sem descanso. E se dissermos que queremos ir embora, eles nos dizem que nos venderão ou nos matarão”, disse Lucas, que é nascido na África Ocidental.

Alertas de embaixadas

A Embaixada do Brasil em Yangon, capital de Mianmar, informou que desde setembro de 2022 recebe notificações de aliciamentos de brasileiros para trabalhos análogos a escravidão. Em geral, os alvos são seduzidos por vagas de emprego supostamente no setor financeiro da Tailândia, com salários competitivos, comissões e passagens aéreas.

Os brasileiros são levados a assinar cláusulas de confidencialidade antes de serem transportados até Mianmar. Eles, então, têm os passaportes retidos e são submetidos a longas jornadas de trabalho, privação parcial da liberdade de movimento e possíveis abusos físicos.

A Tailândia também é alvo de alertas do gênero pelo governo brasileiro. Em hostels, vagas de emprego nos arredores de Bangkok são oferecidas a brasileiros. No entanto, após aceitarem o trabalho, as vítimas são levadas por grupos armados até Mianmar, onde atuam para empresas fraudulentas e em condições precárias.

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https://www.osul.com.br/trafico-humano-em-mianmar-ao-menos-oito-brasileiros-seguem-capturados-pela-mafia-chinesa/ Tráfico humano em Mianmar: ao menos oito brasileiros seguem capturados pela máfia chinesa 2025-02-15
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