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Geral Tráfico internacional da cocaína: grandes traficantes alugam territórios em favelas no Rio e pagam em dólar para facções armazenarem a droga antes do embarque em navios

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Cocaína é encontrada escondida em caixas de sabão em pó para tráfico internacional. (Foto: PF/Divulgação)

A facilidade oferecida por traficantes cariocas para armazenar e auxiliar o embarque marítimo de drogas para exportação, a migração de quadrilhas de roubos de carga da cidade para o tráfico internacional e a intensificação da fiscalização no Porto de Santos, em São Paulo – o maior do Brasil e, há até poucos anos, local das maiores apreensões de cocaína, entre todas as docas do País – transformaram o Rio de Janeiro na principal rota para exportar cloridrato de cocaína (forma mais pura e valiosa da droga) para os Estados Unidos e países da Europa. Levantamento feito pelo jornal O Globo revela que, apenas nos últimos 20 meses, entre fevereiro de 2020 e 5 de outubro deste ano, a polícia apreendeu 10,5 toneladas do entorpecente que seriam exportadas a partir do Porto do Rio de Janeiro.

Em todos os casos, a droga veio de países como Colômbia, Bolívia, Venezuela e Peru, onde o quilo da cocaína custa em torno de mil dólares (cerca de R$ 5,5 mil). O crescimento do interesse dos traficantes do Rio pela exportação de drogas despertou a atenção da polícia.

Investigações da Polícia Federal e das delegacias de Repressão a Entorpecentes (DREs) e de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) da Polícia Civil do Rio de Janeiro revelam que bandidos da favela da Maré têm armazenado cloridrato de cocaína para traficantes internacionais até que a droga seja embarcada em contêineres de navios, ancorados no Porto do Rio, com destino à Europa e à África. Segundo a polícia, em média, o entorpecente (cujo preço na Europa atinge 40 mil euros o quilo, algo em trono de R$ 255 mil) fica escondido em comunidades por períodos que variam de dois a cinco dias. Em troca, segundo a polícia, os traficantes cariocas recebem o aluguel do território em taxas estipuladas em dólar.

“Traficantes de uma facção criminosa estão locando o território, principalmente os de comunidades que margeiam o Porto do Rio, para armazenar a droga até que ela seja acondicionada em contêineres de navios. Já sabemos, por exemplo, que o traficante Rodrigo da Silva Caetano, o Motoboy, da Nova Holanda, cobra US$ 100 por quilo para armazenar o material até que ele seja embarcado”, diz o delegado Marcus Amim, da DRE.

Uma investigação da DRFC revela que parte da quadrilha da Maré, especializada no roubo de cargas e de depósitos de centros de distribuição de eletroeletrônicos, aproveitou contatos feitos no Porto de Itaguaí (onde conseguiam informações sobre o destino de cargas) para mudar e entrar no novo e lucrativo negócio.

“Quadrilhas que originalmente praticavam roubos de carga migraram suas atividades criminosas para a exportação de cocaína, devido ao alto valor agregado com a droga no mercado internacional”, explica o delegado Vinícius Domingos, da DRFC, que conduz uma investigação sobre a atuação dos criminosos.

Das 10,5 toneladas apreendidas (que equivalem a um valor estimado de 420 milhões de euros ou cerca de R$ 2,6 bilhões), pouco mais da metade foi encontrada em duas ações ocorridas no início deste mês. Em 1º de outubro, policiais da DRFC e agentes da Polícia Federal apreenderam 700 quilos de cocaína num galpão em Itaguaí, na Baixada. A droga estava dentro de mangas, que tiveram os caroços retirados e estavam sendo colocadas em caixas, guardadas num contêiner. O destino era o Porto de Antuérpia, na Bélgica.

A outra apreensão ocorreu em 5 de outubro, quando policiais da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da PF, que integram a Missão Redentor, acharam cinco toneladas de cocaína escondidas em caixas de sabão em pó, dentro de dois contêineres que estavam num navio no Porto do Rio. Essa foi a maior quantidade da droga já apreendida no estado. Na mesma ocasião, dois homens foram presos com mais 280 quilos de cocaína num carro. Segundo a PF, a embarcação tinha como destino Maputo (capital de Moçambique) e Las Palmas, na Espanha.

O esquema já ocorre há pelo menos três anos. Em julho de 2018, a Polícia Federal prendeu 15 pessoas no Rio de Janeiro suspeitas de integrar uma quadrilha que exportava cocaína em contêineres. Na época, a PF revelou que o grupo realizava os negócios do tráfico com auxílio de moedas virtuais. Em outubro do mesmo ano, a Polícia Federal apreendeu 78 quilos de cloridrato de cocaína. A droga estava em sete mochilas, encontradas num navio ancorado no Porto do Rio, e seguiria para Antuérpia, na Bélgica. Na ocasião, nove pessoas foram presas no Rio, na Paraíba e no Rio Grande do Norte. Entre elas, estavam três estivadores suspeitos de embarcar a droga no navio.

A suspeita de que traficantes internacionais usavam instalações em favelas para armazenar cocaína para exportação começou a ser confirmada pela Polícia Civil em 15 de dezembro de 2020. Na ocasião, policiais da 25ª DP (Engenho Novo) interceptaram um caminhão na Avenida Brasil, com 216 quilos de cocaína. O veículo havia saído da Favela Nova Holanda, em Bonsucesso, e seguiria para um galpão em Caxias. De lá, a carga seria transferida para um contêiner e exportada de navio. As informações são do jornal O Globo.

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