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Variedades Tráfico sexual, presentes de luxo e visita de famosos: como era a ilha em que o bilionário americano Jeffrey Epstein explorava menores

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A ilha era parte da propriedade do bilionário Jeffrey Epstein, acusado de abuso sexual. (Foto: Divulgação)

Quando o bilionário americano Jeffrey Epstein (1953-2019) foi preso, em julho de 2019, a imprensa internacional publicou uma série de reportagens para tentar entender o que aconteceu em Little St. James, sua antiga ilha privada de 283 mil metros quadrados no Caribe. A acusação de tráfico sexual que o levou à prisão, no entanto, não surpreendeu os moradores que viviam nas proximidades: para eles, o magnata tinha a fama de levar meninas menores de idade para o território – mesmo após ter sido investigado por crimes sexuais.

Nesta quinta-feira, documentos judiciais relacionados a Epstein foram tornados públicos. Embora especialistas apontem que nenhuma nova evidência tenha surgido com a divulgação, os depoimentos demonstram a relação próxima que ele mantinha com algumas figuras proeminentes da vida política mundial, como os ex-presidentes dos Estados Unidos Bill Clinton e Donald Trump, e o integrante da família real britânica, príncipe Andrew. Este último chegou a ser acusado de abuso sexual, mas fez um acordo com a suposta vítima em 2022.

“Elas pareciam muito jovens”

De acordo com a Vanity Fair, dois funcionários que trabalhavam no aeródromo da ilha disseram ter testemunhado Epstein embarcando em seu avião particular em várias ocasiões na companhia de meninas mais jovens. Eles afirmaram, ainda, que elas chegavam com o bilionário em um dos seus dois jatos Gulfstream. Entre janeiro de 2018 e junho de 2019, conforme a revista, registros de voos previamente publicados mostram que os jatos estavam no ar pelo menos a cada três dias.

“Em várias ocasiões, vi Epstein sair de seu helicóptero e embarcar em seu jato com crianças, meninas”, disse um ex-controlador de tráfego aéreo à Vanity Fair. “Uma situação em particular marcou muito minha mente, porque as meninas eram muito jovens, não tinham mais de 16 anos. Epstein parecia muito irritado e jogou seu casaco em uma delas. Elas também carregavam sacolas de lojas que não eram da ilha. Lembro-me de pensar, ‘onde no mundo elas estavam fazendo compras?'”.

Outro funcionário disse que Epstein pousava na ilha em média duas vezes por mês, e que “havia meninas que pareciam estar no ensino médio”. Ele, que pediu para não ser identificado, indicou que “elas pareciam muito jovens” e “sempre usavam moletons de faculdade”, embora isso parecesse ser apenas “um disfarce”. O homem relembrou sentir “nojo” e achar “insano” que um criminoso sexual condenado pudesse se mover tão abertamente.

“O fato de jovens garotas saírem de seu helicóptero e entrarem em seu avião fazia parecer que ele estava se exibindo”, disse o funcionário. “Mas diziam que ele sempre dava gorjetas muito boas, então todos ignoravam. Tenho que dizer que isso é lamentável, mas realmente nem sabíamos para quem contar, ou se alguém realmente se importava.”

“Ilha do pedófilo”

Segundo os acusadores de Epstein, o “paraíso privado” do bilionário foi o centro de uma rede internacional de tráfico sexual. Os moradores, inclusive, costumavam chamar o território de “ilha do pedófilo”. Uma denúncia criminal feita pelo procurador-geral das Ilhas Virgens Americanas descreveu o local como “o esconderijo perfeito e refúgio para o tráfico de jovens mulheres e meninas menores de idade para servidão sexual, abuso infantil e agressão sexual”, publicou o New York Post.

Nesta ilha, dizia a denúncia, o bilionário “e seus associados podiam evitar a detecção de suas atividades ilegais pelas autoridades locais e federais, e impedir que essas jovens saíssem livremente e escapassem do abuso”. A Little St. James apareceu no julgamento de tráfico sexual da socialite britânica Ghislaine Maxwell, conhecida por sua associação com Epstein, em 2021. Com cinco acusações de tráfico sexual, ela foi condenada a 20 anos de prisão, além de uma multa de US$ 750 mil (R$ 3,6 milhões).

Finalmente, em maio de 2023, a ilha foi vendida a um investidor rico por menos da metade do preço original, com a esperança de transformá-la em um resort de luxo.

Como é a ilha?

A Little Saint James é uma pequena ilha localizada nas Ilhas Virgens Americanas. As Virgens foram compradas da Dinamarca pelo governo americano no auge da Primeira Guerra Mundial para evitar que fossem usadas como base de submarinos alemães. Nas Ilhas Virgens, Epstein foi registrado como agressor sexual em 2010, após sua primeira condenação por prostituição infantil em 2008.

Em 1998, o magnata comprou a Little Saint James de um empresário. Ele logo eliminou toda a vegetação nativa e a substituiu por palmeiras de 12 metros. Mas foi só em 2007 que chamou a atenção das autoridades locais, quando iniciou um programa de construção e remodelação que despertou suspeitas. Seu complexo principal quase dobrou de tamanho, e passou a ser uma mansão com piscina e um sistema de dessalinização.

Fotos de satélite mostram uma vasta rede de terraços, chalés, casas de praia, piscinas, docas, edifícios de utilidade, um heliporto, uma quadra de tênis, rampas de acesso, um tipo de lago ou lagoa cercado e várias cabanas de propósito desconhecido, todas conectadas por estradas arborizadas onde carrinhos de golfe transportavam os convidados de um lugar para outro (a travessia da ilha levava cerca de cinco minutos).

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