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Tragédia dos incêndios na Califórnia traz lições ao Brasil e ao mundo

Os ventos fortes vindos do Pacífico ajudam a propagar o fogo em velocidade alta. (Foto: Reprodução de vídeo)

Os incêndios que atingiram a Califórnia e sitiaram Los Angeles são um alerta de alcance global. Há características específicas das áreas atingidas pelas chamas no Oeste americano. As florestas californianas são naturalmente mais inflamáveis, devido a pinheiros e outras árvores que contêm grande quantidade de resinas que facilitam a combustão. Os ventos fortes vindos do Pacífico ajudam a propagar o fogo em velocidade alta. A partir de 2020, segundo estudo publicado na revista Science, os incêndios passaram a se espalhar num ritmo quatro vezes maior do que há 20 anos. Tudo isso é particular daquela região.

O que a Califórnia tem em comum com outras áreas dentro e fora dos Estados Unidos é a previsão de condições climáticas cada vez mais propícias a desastres. O ano de 2024 foi o primeiro a romper a marca de 1,5°C de aumento na temperatura média do planeta em relação aos níveis pré-industriais, segundo dados divulgados pela agência europeia do clima. Os incêndios na Califórnia e a constatação de que a Terra está esquentando numa velocidade acima de previsões anteriores deveriam servir de alerta para as autoridades brasileiras nas três esferas de governo. No ano passado, até meados de setembro, o Brasil havia registrado, pelo sistema BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 180.137 focos de incêndio, pouco mais que o dobro do verificado no mesmo período do ano anterior.

Uma das lições da atual catástrofe nos Estados Unidos é a necessidade de repensar medidas de prevenção e, se o pior acontecer, mobilizar rapidamente uma grande quantidade de recursos. A Califórnia é um estado rico. Se fosse um país, seria a quinta maior economia do mundo. Mesmo assim, não soube se preparar adequadamente para a catástrofe. Uma das falhas foi falta de água para os bombeiros combaterem o fogo. O positivo foi a ajuda imediata vinda de todos os cantos do país.

O presidente Joe Biden enviou cinco aviões e dez helicópteros. Houve, ainda, um grande mutirão entre estados, além de cidades e condados californianos, para socorrer Los Angeles. Dez brigadas foram cedidas pelo estado do Novo México, 15 por Utah e outras tantas mobilizadas pelo Arizona. O estado do Oregon despachou para Los Angeles 240 bombeiros e 60 veículos.

No Brasil, o governo federal e os governos dos estados da Amazônia e da região do Pantanal deveriam prestar contas sobre o andamento dos programas de prevenção e de emergência. Não se pode ficar apenas com campanhas de esclarecimento sobre o manejo da terra. É preciso um alto investimento na capacitação de brigadas, não só por meio de treinamento, como também da aquisição de equipamentos — veículos, helicópteros e aviões. Nas florestas brasileiras e no Cerrado, os incêndios acontecem em regiões remotas. A experiência do ano passado mostra quanto as ações de combate são falhas. Por óbvio, o desafio é imenso. Mas o Brasil não pode depender de estações com grande quantidade de chuva para se ver livre de incêndios. As informações são do portal O Globo.

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