Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 7 de março de 2022
A guerra entre Rússia e Ucrânia ficará mais intensa nas próximas semanas, Vladimir Putin buscará o controle total do país e a ocupação pode se prolongar por anos, segundo cálculos feitos por várias capitais ocidentais, 12 dias depois do início da invasão.
A agressão russa bateu de frente com uma resistência maior do que esperava Moscou, embora apenas alguns líderes acreditem que ela poderá parar os russos. A maioria dos países da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) está convencida de que o presidente Putin quer chegar até o final e que nas próximas semanas os ataques aumentarão.
Estes são cenários que se são imaginados em capitais ocidentais. Quase todos preveem uma guerra longa e sangrenta.
Primeiro cenário
Segundo este cenário, que o centro de estudos Atlantic Council chama “O milagre do (rio) Dniéper”, os ucranianos, ajudados por suprimentos de armas de aliados, impedem o avanço russo. Putin se retira, sujeito ao isolamento internacional e a sanções ocidentais.
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, disse à BBC na sexta-feira que a vitória da Rússia não deve ser dada como certa.
Uma vez que se supõe que os países ocidentais não irão intervir diretamente, a ideia é que sanções e armas dificultarão as coisas para Putin e o forçarão a mudar seu comportamento. Nas palavras de uma fonte do Palácio do Eliseu, que pediu anonimato, trata-se de “aumentar o preço da guerra para que ele renuncie” a ela.
Mas após uma conversa telefônica entre Putin e o presidente francês Emmanuel Macron, a mesma fonte do Eliseu disse:
“A antecipação do presidente, levando em conta o que o presidente Putin lhe disse, é que o pior ainda está por vir.”
François Heisbourg, diretor do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos e conselheiro especial na francesa Fundação para a Pesquisa Estratégica, ressalta:
“Vladimir Putin mostrou que, diante das dificuldades, não reduz suas ambições, mas aumenta seus meios.”
Segundo cenário
A operação militar em si vai durar semanas, e não meses, mas a guerra será mais longa e o pós-guerra pode durar anos e ter um resultado incerto. É o diagnóstico que fazem os principais assessores militares do governo espanhol.
Os aliados da Otan calculam que Kiev pode cair em cinco ou 10 dias, mas não será o fim da guerra, aponta uma fonte diplomática. Então começará uma guerra de guerrilha em que a resistência ucraniana se beneficiará de armas ocidentais, como os mísseis de terra-ar Stinger, os mesmos que foram usados pelos combatentes islâmicos afegãos na década de 1980 e tornaram a vida impossível para os ocupantes soviéticos.
Este cenário foi corroborado por altos funcionários do governo Biden em uma sessão a portas fechadas no Capitólio. De acordo com alguns congressistas, o governo dos EUA prevê uma luta feroz pela capital, Kiev, que pode ser resolvida em favor da Rússia em questão de semanas, e que o conflito pode piorar e durar anos.
A estratégia russa, segundo fontes espanholas, consiste em estrangular as grandes cidades ucranianas para forçar a rendição da Ucrânia. Se o governo ucraniano não se render, o Exército russo entrará com sangue e fogo e causará um grande número de vítimas civis, pelas quais culpará o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
O resultado, de acordo com esses cálculos, levaria à ocupação total da Ucrânia.
“Nossa análise das operações militares em andamento é que a ambição russa é, de fato, assumir o controle de toda a Ucrânia”, disse a fonte francesa.
Macron não vê a divisão do país como um cenário provável: ele considera que o que Putin quer é controlar toda a Ucrânia e, de qualquer forma, uma divisão continuaria a violar a soberania do país invadido e seria igualmente inaceitável.
Terceiro cenário
“Algo bastante provável é que, depois da Ucrânia, Putin assuma o poder na Moldávia”, diz Heisbourg. Mas essa situação hipotética, sustenta o conselheiro da Fundação para a Pesquisa Estratégica, leva a um terceiro cenário, no qual Putin tentaria recriar na Europa a situação anterior à expansão para o Leste europeu.
“Imagine que Putin acabou de ganhar a guerra na Ucrânia. Ele tomou o poder na Moldávia. Pela primeira vez, tem uma fronteira político-militar contínua desde o Cabo Norte, na Noruega, até o Mar Negro. De um lado estão as tropas russas e de outro as tropas dos países da Otan com riscos de acidentes e ações violentas involuntárias. Então Putin pode dizer a si mesmo: “Vou tentar dividir os ocidentais”.
Os Balcãs podem ser um terreno propício para turbulências. O Eliseu destaca: “Estamos muito atentos ao que a Rússia pode fazer em seu entorno imediato”.