O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desmentiu as informações divulgadas pelo canal argentino La Derecha Diário, que questionou a lisura do pleito de 30 de outubro, do qual Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu vitorioso.
O espaço pertence a Fernando Cerimedo, que realizou uma live na qual divulgou um relatório de procedência duvidosa com informações distorcidas sobre as eleições presidenciais brasileiras.
No vídeo, Cerimedo afirma ter recebido um relatório do Brasil com dados que apontam indícios de fraude nas urnas eletrônicas utilizadas no país. A suposta auditoria sustenta que cinco modelos de urnas eletrônicas usadas na eleição deste ano registraram mais votos para Lula do que para o presidente Jair Bolsonaro (PL). Assistido por mais de 400 mil pessoas, o vídeo com dados distorcidos foi amplamente divulgado entre aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado no pleito.
O principal argumento apresentado na live é de que cinco modelos de urnas eletrônicas usadas na eleição deste ano registraram mais votos para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) do que para Bolsonaro. Esses modelos, diz o dossiê, não teriam sido submetidos a teste de segurança. Apenas a urna 2020 teria passado pelo crivo de peritos de universidades federais e das Forças Armadas. Essa informação é falsa porque todos os modelos da urna já tinham sido submetidos a teste.
De acordo com a Justiça Eleitoral, todos os modelos são colocados à prova antes do pleito -com testes transparentes e auditáveis por autoridades e partidos. Em nota, o TSE citou ao menos cinco auditorias realizadas nas urnas eletrônicas desde 2012, destacando os nomes das empresas responsáveis pelos procedimentos.
“Nas três avaliações, não foi encontrada nenhuma fragilidade ou mesmo indício de vulnerabilidade”, diz o texto enviado ao Estado de Minas pelo órgão.
Apoiador de Bolsonaro
Apoiador aberto da família Bolsonaro, ele diz ter ajudado na campanha do presidente em 2018 e ter se encontrado com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pouco antes do segundo turno deste ano.
A reprodução da live – gravada na Argentina, segundo Cerimedo – fez com que o deputado bolsonarista eleito Nikolas Ferreira (PL-MG) tivesse as contas do Twitter e do Instagram suspensas por divulgação de informações falsas.
Com escritório na badalada região de Puerto Madero, em Buenos Aires, Cerimedo é um estrategista e consultor especializado em marketing digital e político e dono de diversos canais ligados à direita argentina.
Chamado por portais locais como um “Steve Bannon latino-americano”, em referência ao ex-conselheiro do ex-presidente norte-americano Donald Trump, ele diz em entrevistas querer fortalecer a direita por todo o continente.
Em conversa com o portal Notícias, da Argentina, ele conta que, além do país natal, já expandiu os negócios para Brasil e Chile. No ano que vem, disse, pretende entrar nos Estados Unidos, colaborando justamente com Trump, que flerta com um retorno à Casa Branca em 2024.
No Brasil, segundo ele, já colaborou com a eleição de Bolsonaro em 2018. O consultor defende o uso de robôs em aplicativos de mensagem e redes sociais como estratégia para vencer a eleição.
“Na campanha de 2018, ele [Bolsonaro] havia falado muito mal dos gays. Como fizemos para reverter isso? Por WhatsApp, começamos a mandar milhares de mensagens de trolls dizendo: ‘Eu sou gay. Bolsonaro pode ser um nazista, mas a economia está bem e vamos viver mais seguros’. A partir dessa influência, parte da comunidade gay o apoiou.”
Na entrevista, divulgada no dia 27 de outubro, a três dias do segundo turno, o consultor não fala das eleições de 2022, mas conta que recebeu Eduardo Bolsonaro, terceiro filho do presidente, para uma visita em outubro.
Nas redes sociais, ele se mostra um apoiador convicto do clã, engajado durante todo o processo eleitoral em prol do presidente.
Não há menções públicas de Bolsonaro sobre o consultor, mas também nas redes sociais circulam fotos tanto do presidente quanto de Eduardo segurando bandeiras com o logo do canal “La Derecha Diario”, de Cerimedo. Em um vídeo gravado na Alvorada e reproduzido no canal, Bolsonaro saúda o veículo segurando a bandeira.