Terça-feira, 18 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 13 de fevereiro de 2025
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um memorando nesta quinta-feira (13) que determina a cobrança de tarifas recíprocas a países que cobram taxas de importação de produtos americanos.
Os memorandos são menos formais que os decretos que Trump tem usado para regulamentar seu “tarifaço” contra parceiros comerciais, mas ainda direcionam ações governamentais.
Desta vez não há uma tarifa específica para países específicos, mas uma orientação geral de reciprocidade aos países que impõem dificuldades ao comércio com os EUA.
A imposição de tarifas pelos EUA está alinhada com as promessas do presidente Trump de taxar seus parceiros comerciais. Os principais alvos são países que os EUA têm déficit na balança comercial — ou seja, gastam mais com importações do que recebem com exportações.
Chamado de “Plano Justo e Recíproco”, o memorando buscará “corrigir desequilíbrios de longa data no comércio internacional e garantir justiça em todos os aspectos”.
Entre os exemplos para a política de tarifas recíprocas, o governo dos EUA cita o etanol brasileiro:
“A tarifa dos EUA sobre o etanol é de apenas 2,5%. No entanto, o Brasil cobra uma tarifa de 18% sobre as exportações de etanol dos EUA. Como resultado, em 2024, os EUA importaram mais de US$ 200 milhões em etanol do Brasil, enquanto exportaram apenas US$ 52 milhões em etanol para o Brasil.”
Durante o anúncio feito na tarde desta quinta-feira, Trump também afirmou que os países do BRICS — grupo de coordenação econômica formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — podem sofrer uma taxa de no mínimo 100% se quiserem “brincar com o dólar”.
O presidente republicano já havia feito uma ameaça semelhante no ano passado, após o bloco sinalizar que discutia a possibilidade de substituir o dólar norte-americano por outra moeda em suas transações.
O tema tem sido defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e outros líderes do bloco. Em documento divulgado nesta quinta-feira, o governo brasileiro reiterou que, durante sua presidência no BRICS, defenderá a discussão sobre o uso de moedas locais nas transações comerciais entre os países do bloco.
Além do Brasil, o comunicado da Casa Branca diz que a União Europeia pode exportar mariscos aos EUA, mas proíbe exportações de mariscos de 48 estados americanos. E afirma também que a UE impõe uma tarifa de 10% sobre carros importados, enquanto os EUA cobram apenas 2,5%.
As tarifas não entram em vigor imediatamente, pois a equipe de comércio de Trump ainda estuda as relações bilaterais dos EUA.
Desde a campanha, o presidente tem indicado que quer favorecer e dar prioridade à atividade doméstica dos EUA, limitando a concorrência estrangeira.
Na segunda-feira (10), o presidente americano assinou um decreto que impõe tarifas de 25% para todas as importações de aço e alumínio para o país a partir de 12 de março.
Também na segunda, ele prometeu o anúncio de tarifas recíprocas ao longo da semana e adicionou que estuda taxas separadas para carros, semicondutores e produtos farmacêuticos.
Antes, ele fixou tarifas de 25% para todos os produtos do México e Canadá no início do mês. Essas taxas foram suspensas por 30 dias, após acordos firmados entre as partes.
Trump também elevou as tarifas cobradas da China em mais 10%. Neste caso, os chineses retaliaram a medida, impondo novas taxas de 10% a 15% para produtos americanos.
O presidente ainda ameaçou atingir a União Europeia, que já reclamou das tarifas ao aço e alumínio. Em resposta, a UE prepara medidas contra produtos americanos, como o Bourbon, jeans e motocicletas.
Economistas estão preocupados que o “tarifaço” de Trump possa causar uma guerra comercial de grande escala, desajustando a economia global. O principal impacto seria na inflação americana, já que as tarifas aumentam o preço dos insumos básicos e espalham reajustes ao longo da cadeia produtiva.
Com a inflação mais alta, o Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, pode ter mais dificuldade de levar a inflação para a meta de 2%. O índice de preços ao consumidor, inclusive, voltou para a casa dos 3% em janeiro, com alta mensal de 0,5%.
Esse resultado diminui as chances de um novo corte nos juros dos EUA neste ano, que estão na faixa de 4,25% a 4,50%. O cenário afeta o Brasil (e o mundo) porque uma taxa mais alta faz os títulos públicos americanos renderem mais. Isso atrai investidores, que levam recursos para os EUA, valorizando o dólar frente a outras moedas.
Em seu primeiro mandato, o republicano costumava ameaçar parceiros comerciais para colocá-los em desvantagem em acordos bilaterais. É uma estratégia antiga de ameaça tarifária.
Por isso, apesar do potencial inflacionário, parte do mercado entende que as medidas de Trump podem ser revertidas antes que algo pior aconteça. As informações são do portal G1.