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Mundo Trump critica Biden por “perdão total” a filho condenado e compara situação com a de invasores do Capitólio

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Trump classificou a medida como um "abuso"

Foto: RS/Fotos Públicas
Trump classificou a medida como um "abuso". (Foto: RS/Fotos Públicas)

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou a decisão do atual mandatário, Joe Biden, de emitir um indulto presidencial para o próprio filho Hunter Biden, condenado em um processo federal por mentir sobre o uso de drogas para comprar uma arma e processado por evasão fiscal — acusação sobre a qual se declarou culpado.

Trump classificou a medida como um “abuso” e comparou a situação com a de seus apoiadores presos após a invasão ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021. Chamou-os de “reféns”, em meio à expectativa de que recebam do futuro chefe da Casa Branca um perdão semelhante pelos crimes.

“O perdão dado por Joe a Hunter inclui os reféns J-6, que estão presos há anos? Que abuso e erro judiciário!”, postou o presidente eleito, na plataforma Truth Social.

Anunciado no domingo, o indulto de Biden funciona como um perdão total e incondicional aos atos praticados pelo filho entre 1º de janeiro de 2014 e 1º de dezembro de 2024. Prestes a deixar a Casa Branca após desistir de concorrer à reeleição e ver Kamala Harris ser derrotada por Donald Trump nas urnas no mês passado, Biden utilizou o poder do cargo em benefício do próprio filho. Em um comunicado divulgado pela equipe do presidente, ele argumenta que Hunter teria sido condenado em um julgamento politicamente motivado, o que justificaria a clemência concedida.

“Nenhuma pessoa razoável que analise os fatos dos casos de Hunter pode chegar a qualquer outra conclusão além de que ele foi alvo apenas porque é meu filho — e isso está errado”, disse o presidente em um comunicado, chamando a condenação do filho de “desvio judicial”.

Hunter Biden foi condenado no início deste ano por mentir sobre uso de drogas ao comprar uma arma, o que é crime nos Estados Unidos. Isso o tornou o primeiro filho de um presidente em exercício a ser julgado e condenado criminalmente. Os fatos pelo qual foi condenado se passaram em 2018, quando ele passou por uma fase de abuso de drogas, incluindo crack — informação que omitiu ao preencher um formulário federal para a compra de uma arma de fogo. À época da condenação, Hunter se disse “decepcionado” com a decisão.

Outro processo criminal contra o filho mais novo de Biden — Beau, o filho mais velho, morreu em 2015 vítima de um câncer no cérebro — o acusava do não pagamento de US$ 1,4 milhão (R$ 8,3 milhões no câmbio atual) em impostos nos anos fiscais de 2016 a 2019, enquanto mantinha um estilo de vida luxuoso. As acusações incluíam três crimes graves e seis delitos fiscais, com pena de até 17 anos de prisão. Em setembro, ele se declarou culpado das acusações.

Enquanto o filho enfrentava as acusações na Justiça, Biden afirmou repetidamente que não interferiria em seus problemas legais. A secretária de imprensa da Casa Branca chegou a declarar que Biden não concederia um perdão a Hunter, em um discurso em setembro.

“Eu disse que não interferiria nas decisões do Departamento de Justiça e cumpri minha palavra, mesmo enquanto assistia ao meu filho sendo processado de forma seletiva e injusta”, disse Biden no comunicado deste domingo. “As acusações nos casos dele surgiram apenas depois que vários dos meus oponentes políticos no Congresso as instigaram para me atacar e se opor à minha eleição”.

Não é a primeira vez que um presidente usa seu poder executivo para comutar a sentença de um membro da família. Em seu último dia no cargo, o presidente Bill Clinton perdoou seu meio-irmão Roger Clinton por acusações envolvendo uso de cocaína. Um mês antes de deixar o cargo em seu primeiro mandato, Trump perdoou o pai de seu genro Jared Kushner, Charles Kushner, por sonegação fiscal e outros crimes.

 

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