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Trump demite chefe das Forças Armadas dos Estados Unidos

Dispensa do general de quatro estrelas ocorre Trump e aliados criticarem políticas de diversidade. (Foto: Reprodução)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, demitiu o general Charles Q. Brown, chefe das Forças Armadas do país. A mudança ocorre em meio ao expurgo de contratações baseadas em políticas de diversidade promovidas pela administração do republicano nas primeiras semanas de seu segundo governo.

Brown é um general de quatro estrelas da aeronáutica e estava no cargo desde 2023. Conhecido como C. Q., é o segundo homem negro a ocupar o cargo de chefe do Estado-Maior Conjunto.

Em seu lugar, Trump fez uma nomeação considerada incomum por fontes ouvidas pela CNN Internacional: o escolhido foi John Caine, um general aposentado de três estrelas da Aeronáutica – a nomeação destoa do padrão por não ser de um oficial da ativa, e nem de alguém que atingiu a graduação máxima na carreira.

“Quero agradecer ao general Charles “CQ” Brown por seus mais de 40 anos de serviço ao nosso país, incluindo seu papel atual como chefe do Estado-Maior Conjunto. Ele é um homem exemplar e um líder excepcional, e desejo um futuro brilhante para ele e sua família”, publicou Trump na Truth, sua rede social.

“Hoje, tenho a honra de anunciar que estou nomeando o tenente-general da Força Aérea Dan ‘Razin’ Caine para ser o próximo chefe do Estado-Maior Conjunto. O general Caine é um piloto talentoso, especialista em segurança nacional, empreendedor de sucesso e um combatente com significativa experiência entre agências e em operações especiais”, escreveu o presidente.

Tradicionalmente, os chefes do Estado-Maior Conjunto nos EUA permanecem no cargo com mudanças de gestões na Casa Branca, independentemente do partido político do presidente. Mas o governo do republicano tem deixado claro que quer nomear líderes militares de confiança.

Outras mudanças

Além de Brown, Trump também trocou o comando da Marinha. A almirante Lisa Franchetti, primeira mulher a ocupar um posto no Estado Maior Conjunto das Forças Armadas americanas. Pete Hegseth, secretário de Defesa da administração Trump, chegou a comparar, de maneira crítica, a nomeação de Franchetti para o cargo como uma espécie de cota de diversidade

Um dos principais desafetos de Trump após o 6 de Janeiro de 2021, a invasão do Capitólio por apoiadores do republicano insuflados por ele, foi o então chefe do Estado-Maior Conjunto, Mark Milley. O militar chamou Trump de fascista e detalhou as condutas do então presidente na tentativa de insurreição.

O republicano afirmou que Milley deveria ser julgado por traição e sugeriu sua execução, após revelações de que o militar fez chamadas secretas com um general chinês para garantir que o então presidente não atacaria a China no fim de seu mandato.

Contra políticas de inclusão

A decisão de demitir Brown reflete ainda a insistência de Trump de que a liderança militar tem estado preocupada e envolvida em demasia com questões de diversidade. O republicano afirma ainda que as Forças perderam de vista seu papel como força de combate para defender o país e está desalinhada o movimento “América First” de Trump.

O secretário de Defesa americano, Pete Hegseth, já havia dito que Brown deveria ser demitido por causa de seu foco “woke” em programas de inclusão nas Forças Armadas, utilizando termo irônico que se tornou comum entre críticos de ideias de diversidade.

“Em primeiro lugar, você tem que demitir o chefe do Estado-Maior Conjunto”, disse Hegseth em uma entrevista a um podcast, em novembro. Ele acrescentou que qualquer general envolvido com esforços de diversidade na caserna deveria ser demitido. “Você está aqui para o combate, e é só isso”, disse ele. “Esse é o único teste decisivo que nos importa.”

No primeiro dia de Hegseth no Pentágono, no entanto, ele ficou ao lado de Brown, que se tornou chefe das Forças em outubro de 2023, e disse que estava ansioso para trabalhar com ele. Mas logo ficou claro que Brown não havia sido acolhido no círculo íntimo de Trump —ele não foi convidado para reuniões importantes com o presidente, segundo autoridades.

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