Domingo, 26 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 24 de janeiro de 2025
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse a repórteres que a Rússia “deveria querer fazer um acordo” com a Ucrânia e enfatizou que se encontraria com Vladimir Putin imediatamente.
“Então, acho que a Rússia deveria querer fazer um acordo. Talvez eles queiram fazer um acordo. Acho que, pelo que ouvi, Putin gostaria de me ver. Nós nos encontraremos assim que pudermos. Eu me encontraria [com ele] imediatamente”, destacou o republicano durante uma cerimônia de assinatura de decretos no Salão Oval.
“A cada dia que não nos encontramos, soldados estão sendo mortos em um campo de batalha”, ponderou o presidente.
Quando perguntado se o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, está aberto a negociar, Trump respondeu: “Ele perdeu muitos soldados, e a Rússia também”, antes de acrescentar, “mas a Rússia perdeu mais”.
No início desta semana, Trump postou na Truth Social que poderia impor altas tarifas e mais sanções à Rússia se Putin não acabar com a guerra na Ucrânia.
100 dias
Trump, que durante sua campanha prometeu resolver a guerra “em apenas 24 horas” após tomar posse, agora aposta em um prazo mais realista para negociar uma solução – como explicou seu enviado especial para a Ucrânia e Rússia, Keith Kellogg, em entrevista recente: 100 dias.
No ano passado, agências internacionais de notícias afirmaram que o plano de Kellogg para encerrar o conflito no leste europeu se baseava em três pilares principais: a negociação de um cessar-fogo imediato, a suspensão temporária do processo de adesão da Ucrânia à Otan para atrair a Rússia à mesa de negociações e a vinculação da ajuda militar americana à disposição da Ucrânia em buscar uma solução diplomática.
Além disso, o plano prevê o uso de taxas sobre a exportação de energia russa para financiar a reconstrução da Ucrânia, enquanto uma eventual flexibilização de sanções seria oferecida à Rússia como incentivo para firmar um acordo de paz.
Resposta de Putin
Já nessa sexta-feira (24), o ditador Putin disse que está disposto a se reunir com Trump para discutir “todos os assuntos de interesse de Moscou e Washington”, incluindo a Ucrânia.
“Seria bom se nos reuníssemos, levando em conta a realidade atual, e discutíssemos com calma sobre todos os temas que interessam tanto os Estados Unidos como a Rússia”, afirmou ele em entrevista ao apresentador da televisão estatal russa Pavel Zarubin.
Segundo o líder do regime russo, seu país pode ter “muitos pontos de acordo” com o novo governo americano.
“Em geral, é claro, podemos ter muitos pontos de acordo com o governo atual, buscando soluções para questões-chave atuais. Se trata de assuntos de estabilidade estratégica e econômicas”, destacou.
Quanto à Ucrânia, Putin disse que se Trump tivesse sido reeleito em 2020 sem que essa vitória tivesse sido “roubada dele”, possivelmente a guerra na Ucrânia não tivesse começado.
Análises
Para Jeffrey A. Sonnenfeld, professor da Universidade de Yale, Trump tem neste momento “os meios para forçar Vladimir Putin a encerrar rapidamente a guerra entre Rússia e Ucrânia, se ele abandonar a pressão econômica tímida e inconsistente da administração Biden”. Em uma análise publicada pela revista Time, o professor explicou que, neste momento, o republicano tem a “oportunidade de sufocar a economia russa até o ponto de colapso, se ele optar por isso”.
Segundo a agência Reuters, a economia russa, que resistiu a múltiplas sanções desde o início da invasão à Ucrânia, em fevereiro de 2022, já está enfrentando neste momento pressões internas crescentes, agravadas pela escassez de mão de obra e juros elevados para conter a inflação. Fontes próximas ao Kremlin revelaram à agência que parte da elite russa já está começando a considerar desejável uma solução negociada para o conflito no país vizinho, em razão das crescentes distorções econômicas.
O ex-vice-presidente do Banco da Rússia, Oleg Vyugin, comentou à Reuters que a Rússia já está “economicamente interessada em negociar um fim diplomático para o conflito” devido aos riscos de desestabilização econômica interna.