Quarta-feira, 23 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 23 de abril de 2025
Trump estaria disposto a reduzir para a faixa de 50% a 65% as tarifas sobre a China, caso o país aceite negociar.
Foto: White House/DivulgaçãoO presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reiterou que o país buscará “fazer um acordo justo de comércio com a China” e destacou que “todos os países querem fazer acordos conosco” sobre a política tarifária recíproca adotada pelos americanos. As declarações do republicano ocorreram logo após seu secretário do Tesouro, Scott Bessent, afirmar que mais de 100 países já haviam procurado os EUA para iniciar negociações.
“A China, a União Europeia, eles estão se aproveitando dos EUA”, disse Trump a jornalistas na Casa Branca, referindo-se aos acordos comerciais mútuos. “Com as tarifas, vamos conseguir reduzir impostos substancialmente. Vamos fazer muito dinheiro para nosso povo novamente. No governo Biden, os EUA perdiam não bilhões, mas trilhões de dólares por ano com acordos injustos. Isso acabou”, concluiu.
Os comentários acontecem após circularem na imprensa internacional notícias de que Trump estaria disposto a reduzir para a faixa de 50% a 65% as tarifas sobre a China, caso o país aceite negociar.
Em pronunciamento no Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), o secretário Scott Bessent foi enfático ao afirmar que a política “America First” (“América Primeiro”) não significa isolacionismo, mas sim “um chamado à colaboração mais profunda entre parceiros comerciais”. No entanto, deixou claro que os EUA estão agindo para “reequilibrar o comércio global”, recebendo propostas de mais de “100 países que nos procuraram” para negociar tarifas.
A China foi o principal alvo das críticas de Bessent. “A China, em particular, precisa de reequilíbrio econômico”, afirmou, destacando que o modelo chinês baseado em exportações é “insustentável para a China e para o mundo”. Ele sugeriu que o país “pode começar reduzindo sua capacidade exportadora excessiva” e combateu a “dependência excessiva da demanda dos EUA que fragiliza a economia global”, citando ainda os “salários artificialmente baixos” como distorção do mercado.
Bessent defendeu uma revisão profunda no Fundo Monetário Internacional (FMI) e no Banco Mundial, que segundo ele “precisam abandonar agendas amplas e difusas”. Criticou especialmente o FMI por dedicar “recursos demais a questões como mudança climática, gênero e temas sociais” em detrimento do que considera seu papel central: “apontar práticas cambiais distorcidas e insustentáveis, como as da China”.
Ele atacou o que chamou de “discursos vazios e compromissos vagos” do Banco Mundial e a priorização de “metas distorcidas de financiamento climático”. No entanto, elogiou a decisão da instituição de “eliminar restrições ao apoio à energia nuclear”, o que considerou uma sinalização de abertura para fontes energéticas tradicionais.
O secretário deixou claro que “nem todos os países merecem ajuda do FMI”, que deve dizer “‘não’ quando reformas não forem implementadas”. Como contraponto, citou a Argentina como caso que “merece apoio porque está fazendo progressos”.
Bessent vinculou explicitamente relações econômicas e de segurança, acrescentando que “parceiros de segurança tendem a ter economias compatíveis”. Nesse contexto, pontuou que “ninguém que tenha financiado ou fornecido à máquina de guerra russa será elegível para os fundos destinados à reconstrução da Ucrânia”.
Acordo com a China
Bessent disse enxergar “uma oportunidade para um grande acordo entre EUA e China”, desde que o país asiático esteja “compromissado” com seu reequilíbrio econômico interno. “Então, também poderíamos nos reequilibrar”, afirmou durante sessão de perguntas e respostas após pronunciamento no Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês).
Bessent ainda acrescentou que a China “chegará à conclusão de que precisa de mudanças econômicas, e que às vezes é necessário um empurrão externo para isso”. Ele ainda criticou a projeção de crescimento dos EUA de 1,8%, feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). “Nosso crescimento será muito superior à projeção do FMI se implementarmos as políticas econômicas de Trump”, acrescentou.
O secretário do Tesouro reforçou que o governo Trump seguirá com a “política de dólar forte”. “Isso consiste em ter políticas em vigor para atrair fluxos de capital e confiança”, disse, sem deixar de notar que o euro “tem se valorizado bastante” recentemente. Bessent defendeu, novamente, a ideia de que “é hora do ‘main street’ prosperar”. “Vamos corrigir a estagnação desse setor”, disse.