Quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 23 de agosto de 2022
Pela lei americana, todos os documentos da Presidência devem ser entregues ao Arquivo Nacional, considerado seu legítimo proprietário.
Foto: ReproduçãoUm lote de documentos recuperados pelo Arquivo Nacional das mãos do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, em janeiro deste ano, incluiu mais de 150 itens classificados como sigilosos, um número que levantou suspeitas no Departamento de Justiça e ajudou a dar início à investigação criminal que levou a uma busca na residência do republicano de Mar-a-Lago, na Flórida, no começo do mês, segundo pessoas com conhecimento do caso.
Ao todo, o governo recuperou mais de 300 documentos classificados como sigilosos e que estavam com Trump desde que ele deixou o cargo, em janeiro de 2021: o lote inicial veio em fevereiro, enquanto outros papéis foram entregues por assessores do ex-presidente em junho e, finalmente, veio o material apreendido pelo FBI na busca em Mar-a-Lago, em 8 de agosto.
Regras específicas
Pela lei americana, todos os documentos da Presidência devem ser entregues ao Arquivo Nacional, considerado seu legítimo proprietário, e o manuseio de documentos secretos está submetido a regras específicas: os ultrassecretos, por exemplo, só podem ser lidos por um número restrito de pessoas, em salas à prova de escuta. Trump, porém, levou papéis do seu mandato com ele, em vez de entregá-los à instituição.
O volume de documentos sigilosos que estava em poder de Trump um ano depois que ele deixou a Casa Branca ajuda a explicar os motivos que levaram o Departamento de Justiça a se mover de forma tão urgente para descobrir se ele tinha mais itens. E o número de documentos mantidos em Mar-a-Lago por meses, mesmo depois dos pedidos do departamento para que fossem devolvidos, sugere que o ex-presidente ou seus assessores os manusearam de forma descuidada, ou então não cumpriram as ordens dos investigadores.
Ainda não se sabe o que estava com Trump. Mas as 15 caixas entregues por Trump em janeiro ao Arquivo Nacional, quase um ano depois de deixar o cargo, incluíam documentos da CIA, da Agência de Segurança Nacional e do FBI, mencionando uma série de tópicos de segurança nacional. Trump manuseou as caixas no final de 2021, de acordo com pessoas envolvidas no caso, antes de entregá-las.
O aspecto sensível de alguns dos itens nas caixas levaram o Arquivo a procurar o Departamento de Justiça, que em meses organizou uma investigação com um grande júri, que na Justiça americana pode decidir se há elementos para a abertura formal de processos.