Sexta-feira, 07 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 15 de maio de 2019
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou nesta quarta-feira uma emergência nacional para proibir as companhias americanas de usar equipamentos de telecomunicações fabricados por empresas que supostamente tentam espionar o país, o que pode, por exemplo, impedir negócios com a chinesa Huawei. O decreto executivo de Trump não cita nenhum país como alvo, mas foi anunciado em meio às tensões comerciais entre os EUA e a China.
A iniciativa autoriza o Departamento de Comércio americano a bloquear os negócios relacionados com tecnologias desenvolvidas por um “adversário estrangeiro” que possam pôr em risco a segurança nacional mediante a espionagem ou a sabotagem de serviços necessários ao país.
A medida não bloqueia imediatamente a compra de equipamentos de telecomunicações de nenhuma companhia, mas dá ao secretário de Comércio, Wilbur Ross, 150 dias para desenvolver um plano sobre como implementar a medida de Trump e estabelecer as proibições.
Em comunicado, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, alegou que a decisão de Trump visa “proteger os serviços e tecnologia de informação e comunicação” dos EUA.
“O presidente deixou claro que este governo fará o que for necessário para manter os EUA seguros e prósperos, e para proteger os EUA dos adversários estrangeiros que estão explorando de maneira ativa e cada vez mais as fragilidades na infraestrutura e nos serviços de tecnologia da informação e comunicações”, afirmou.
Na prática, o decreto de Trump intensifica a batalha pelo controle das redes 5G.
Os EUA lideram uma campanha global para impedir que companhias chinesas, como a Huawei, tenham o domínio das redes 5G, que possibilitam aos usuários navegar pela internet com muito mais velocidade do que nas redes 4G e podem facilitar o desenvolvimento de veículos autônomos e técnicas para a realização de cirurgias por controle remoto. A Huawei conseguiu assumir a liderança do desenvolvimento dessa tecnologia, algo que os EUA veem com preocupação, porque temem que a China aproveite esses sistemas para atos de espionagem.
Trump tenta tranquilizar agricultores
Grandes exportadores de carne de porco e soja para a China, os produtores americanos estão na linha de frente na guerra comercial travada entre Washington e Pequim e, faltando 18 meses para as eleições presidenciais, Donald Trump procura tranquilizá-los.
“Nossos formidáveis agricultores patriotas estarão entre os grandes beneficiários do que acontece hoje”, tuitou Trump na terça-feira (14), um dia após o anúncio de represálias da China após a adoção de tarifas mais elevadas por parte dos Estados Unidos na última sexta-feira (10).
A agricultura americana exporta muito. E o mundo rural, considerado, em termos gerais, como favorável ao republicano Trump, tem sido desde o ano passado alvo de represálias não apenas de Pequim, mas também da União Europeia, Canadá e México.
Por enquanto, muitos produtores permanecem leais ao presidente, mas “outros não estão tão seguros disso”, disse à AFP William Rodger, porta-voz da American Farm Bureau Federation, o principal sindicato do agronegócio americano.
“Não temos números concretos que nos digam exatamente quão forte é o apoio, ou a oposição, mas nosso sentimento é que a maioria dos agricultores ainda apoia o presidente, porque aderem a muitas de suas políticas”, explicou.
Sid Ready, produtor do estado de Nebraska, lamenta a guerra comercial, mas a entende. “Acho que os agricultores são bastante resistentes e devemos tolerar” esta situação “que, a longo prazo, valerá a pena”, opinou.