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Trump promete deportação em massa em Springfield, onde disse que migrantes comeram pets

Fala durante comício na Carolina do Norte marca mais um episódio da retórica anti-imigração do republicano . (Foto: Reprodução)

O candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, prometeu nesta sexta-feira (13) fazer “a maior deportação em massa da História dos Estados Unidos” caso seja eleito em novembro. Trump afirmou ainda que as deportações iniciariam por Springfield, em Ohio, cidade alvo de boato em que imigrantes haitianos estariam comendo animais de estimação.

“Teremos a maior deportação da história do nosso país, e começaremos com Springfield e Aurora”, disse Trump em coletiva em Los Angeles nesta sexta.

Trump prometeu deportações em massa diversas outras vezes em comícios e tem o tema da imigração como elemento central de sua campanha. A retórica do ex-presidente é de que as cidades dos Estados Unidos estão “inundadas de imigrantes ilegais”, vindos “em níveis nuncas antes vistos a partir de prisões, cadeias, instituições mentais e de asilos”. Muitas das alegações não têm fundamentação e são desmentidas por autoridades competentes.

O candidato republicano acusou imigrantes de comer pets em Springfield pela primeira vez durante debate contra Kamala Harris na terça (10). Ele foi desmentido na hora pelo mediador da disputa. Autoridades municipais de Springfield afirmaram que não havia denúncias ou reclamações críveis a respeito do tema.

O boato viralizou nas redes sociais entre apoiadores e opositores nos Estados Unidos. O cantor John Legend, natural de Springfield, disse na quinta-feira (12) que “ninguém está comendo gatos e cachorros” na cidade. O presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou nesta sexta que os ataques aos imigrantes haitianos têm que parar.

Na coletiva desta sexta, Trump disse ainda que imigrantes e refugiados sem documentos estão cometendo estupros e “assumindo empregos hispânicos, empregos afro-americanos”.

O republicano também repetiu as acusações contra os venezuelanos, muitos deles no país legalmente: “Limparam suas cadeias na Venezuela – esvaziaram os ninhos, como são chamadas – de más pessoas. Todas estão agora nos EUA e estão tomando cidades. É como uma invasão”.

Além de repetir a fake news já desmentida sobre Springfield e os imigrantes do Haiti, o ex-presidente também falou que gangues venezuelanas armadas com AR-15 estão tomando conta de Aurora, cidade do Colorado, embora o prefeito de lá, Mike Coffman, tenha dito à “CBS News” que, embora houvesse alguma atividade de gangues em dois complexos de apartamentos, a acusação de Trump é “grosseiramente exagerada”.

Em 6 de setembro, começou a circular nas redes sociais uma imagem que seria nos arredores de Springfield, Ohio. Na postagem, um usuário relatava que a “amiga da filha do vizinho” dele tinha visto um gato pendurado em uma árvore. Segundo o relato, o animal seria desossado e comido por haitianos.

Na segunda-feira (9), o candidato republicano a vice-presidente, JD Vance, disse que tinha recebido denúncias do tipo.

“Os relatos agora mostram que pessoas tiveram seus animais de estimação sequestrados e comidos por pessoas que não deveriam estar neste país. Onde está a nossa czar da fronteira?”, publicou, em referência à democrata Kamala Harris.

Na terça-feira, antes do debate, Vance admitiu que os relatos poderiam ser falsos. Horas antes do debate, Trump postou duas fotos relacionadas ao tema. Uma delas mostrava ele cercado por gatos e gansos. A outra apresentava gatos armados e com bonés “Make America Great Again” (Faça a América Grande Outra Vez), que é o lema da campanha republicana.

Autoridades municipais de Springfield afirmaram que não havia denúncias ou reclamações críveis a respeito do tema. Leia mais sobre como surgiu o boato.

A campanha de Trump tem focado amplamente na imigração ilegal nos EUA e reforçado preconceitos contra populações estrangeiras, sobretudo negras. No mesmo debate, Trump repetiu a narrativa de que os EUA estão sendo invadidos por imigrantes ilegais provindos diretamente de presídios e manicômios de outros países — o que também é falso.

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