O presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, disse nesta segunda-feira (16) que as delegações sueca e finlandesa não devem se incomodar em vir a Ancara para convencê-lo a aprovar sua oferta à Otan.
Em uma entrevista coletiva, Erdogan disse que a Turquia não aprovaria suas propostas para ingressar na Otan, chamando a Suécia de “incubadora” para organizações terroristas e acrescentando que eles têm terroristas em seu parlamento.
Ancara diz que a Suécia e a Finlândia abrigam pessoas que dizem estar ligadas a grupos que considera terroristas, como o grupo militante do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e seguidores de Fethullah Gulen, a quem o governo turco acusa de orquestrar a tentativa de golpe de 2016.
Os países nórdicos fizeram movimentos decisivos em direção à aliança militar liderada pelos Estados Unidos nos últimos dias. No domingo (15), o governo finlandês confirmou que o país se candidataria a aderir à Otan, abandonando décadas de neutralidade militar após a invasão russa à Ucrânia. O presidente Sauli Niinistö e a primeira-ministra Sanna Marin fizeram o anúncio juntos.
“Esperamos que o parlamento confirme a decisão de solicitar a adesão à Otan”, disse Marin durante uma entrevista coletiva em Helsinque no domingo sobre os próximos passos para aderir à aliança.
A Suécia anunciou nesta segunda-feira que pedirá formalmente para entrar no bloco militar. “Há uma ampla maioria no parlamento sueco para aderir à Otan”, disse a primeira-ministra Magdalena Andersson após um debate sobre política de segurança no parlamento.
Andersson declarou que, apesar da decisão, não existe “nenhuma ameaça militar direta contra a Suécia neste momento.” O presidente Vladimir Putin alertou o Ocidente nesta segunda (16) que a Rússia responderá se a Otan reforçar a infraestrutura militar da Suécia e da Finlândia, citando a expansão pós-soviética da aliança em direção ao leste.
“Os problemas estão sendo criados sem motivo nenhum. Vamos reagir de acordo”, disse Putin. A Rússia deu poucas pistas específicas sobre o que fará em resposta ao alargamento nórdico da Otan, as maiores consequências estratégicas da invasão russa da Ucrânia até hoje. O Kremlin já vinha criticando a intenção dos países nórdicos de se juntarem à aliança militar do Atlântico Norte. A Rússia compartilha 1,3 mil quilômetros de fronteira com a Finlândia, e vê a tensão aumentar com tropas da Otan no país.
“O fato de que a segurança da Suécia e da Finlândia não será reforçada como resultado desta decisão é muito claro para nós”, disse o vice-chanceler russo, Sergei Ryabkov, nesta segunda.
A mudança de postura de duas nações historicamente neutras seria uma das maiores transformações da arquitetura de segurança da Europa em décadas, refletindo uma mudança radical nas percepções na região nórdica desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro.