Quarta-feira, 19 de março de 2025
Por Redação O Sul | 30 de junho de 2022
A Ucrânia anunciou a maior troca de prisioneiros de guerra desde o início da invasão russa, garantindo a libertação de 144 de seus soldados, incluindo 95 que defendiam a siderúrgica Azovstal, em Mariupol.
Segundo uma autoridade ucraniana, ouvida pelo jornal britânico The Guardian, a maioria dos combatentes libertados teve ferimentos graves, incluindo queimaduras e amputações, e agora estão recebendo cuidados médicos.
Não houve comentários de Moscou sobre a troca de prisioneiros. Mas o ato foi duramente criticado por blogueiros militares russos, apontando a libertação de 43 membros do regimento Azov, um batalhão que desempenhou papel central na justificativa da Rússia para a invasão.
O regimento Azov foi formado em 2014 como uma milícia para combater as forças pró-Rússia no leste da Ucrânia. Posteriormente foi integrado à guarda nacional ucraniana. Com perfil alinhado aos ideais da extrema-direita, seus membros foram acusados de nazismo, e essa foi a justificativa do presidente Vladimir Putin para invadir o país.
Retirada de tropas
Em outra frente, o Exército da Rússia anunciou nesta quinta-feira a retirada de tropas da Ilha da Cobra, um ponto estratégico no Mar Negro, ocupada no início da guerra na Ucrânia. Foi neste local que soldados ucranianos xingaram russos quando receberam uma ordem para se renderem, ainda no início do conflito. Quando abordados, um grupo de 13 soldados se recusou a baixar as armas e xingou os invasores, mas acabou preso.
“Em 30 de junho, como sinal de boa vontade, as Forças Armadas russas cumpriram os objetivos estabelecidos na Ilha da Cobra e retiraram sua guarnição de lá”, disse o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, acrescentando que a medida visava facilitar as exportações de grãos da Ucrânia.
Desde o início do conflito, a Rússia vem sendo acusada pela comunidade internacional de barrar a saída de navios com exportações de grãos produzidos na Ucrânia, através da imposição de um bloqueio naval à costa do país, que inclui o posicionamento de minas navais em pontos de passagem de embarcações.
A Rússia nega tais acusações e culpa os próprios ucranianos pela impossibilidade de manter os níveis de exportações de alimentos, que são enviados para dezenas de países ao redor do mundo, e cuja escassez é considerada pela ONU um risco à segurança alimentar de milhões de pessoas.
“Assim [com a saída da Ilha da Cobra], ficou demonstrado à comunidade internacional que a Federação Russa não interfere nos esforços da ONU para organizar um corredor humanitário para a exportação de produtos agrícolas do território da Ucrânia”, disse o representante russo.
Mesmo assim, afirmam observadores militares, não há sinais de que a Rússia pretenda reduzir o controle sobre as rotas navais na costa ucraniana – de acordo com o jornal The New York Times, ao menos cinco submarinos deixaram o porto de Sebastopol, na Crimeia, base da Frota do Mar Negro russa desde o século XVIII. As informações são do jornal O Globo e de agências internacionais de notícias.