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Ucrânia chama de “imoral” decisão russa de permitir fuga de civis ucranianos apenas através da Rússia e da Bielorrússia

Governo ucraniano avalia que corredores humanitários anunciados pelos russos são tentativa de "criar imagem desejada para a televisão". (Foto: Reprodução)

A Ucrânia criticou a tentativa russa de abrir nesta segunda-feira (7) corredores humanitários a partir de várias cidades ucranianas, incluindo a capital Kiev, com destino a áreas dominadas por Moscou.

O governo de Vladmir Putin determinou que civis poderão deixar áreas de conflito por seis rotas, mas apenas duas não terminam em cidades da Bielorrússia ou da Rússia. Autoridades ucranianas defendem que cidadãos devem ter o direito de sair para todo o território do próprio país.

“Esta é uma história completamente imoral. O sofrimento das pessoas é usado para criar a imagem desejada para a televisão. Estes são cidadãos da Ucrânia, eles devem ter o direito de se locomover para o território da Ucrânia”, disse um porta-voz do presidente Volodymyr Zelensky à Reuters.

A ministra de Territórios Ocupados da Ucrânia, Iryna Vereshchuk, também descreveu a proposta russa como “inaceitável”.

“Esta é uma maneira inaceitável de abrir corredores humanitários. Nosso povo não irá de Kiev para a Bielorrússia para depois ser levado para a Federação Russa”, disse Vereshchuk.

No 12º de guerra, Zelensky divulgou um novo vídeo para mostrar que continua na capital que está cercada pelas tropas russas. O presidente garantiu, inclusive, que segue na rua onde se situa a sede da presidência do país, no centro de Kiev.

“Eu fico em Kiev. Em Bankova. Não me escondendo. E não tenho medo de ninguém.”

Nesta segunda, o Ministério da Defesa da Rússsia informou que seus militares vão reduzir ataques e vão abrir corredores humanitários em várias cidades ucranianas, após combates interromperem os esforços de retirada de civis ucranianos, com várias vítimas fatais.

Os corredores deveriam ser abertos às 10h de Moscou (4h de Brasília) da capital Kiev, bem como das cidades de Kharkiv, Mariupol e Sumy, e seriam instalados a pedido pessoal do presidente francês Emmanuel Macron, disse o ministério russo.

De acordo com mapas publicados pela agência de notícias RIA, no entanto, o corredor de Kiev conduz à Bielorrússia, país cujo governo é aliado de Putin, enquanto os civis de Kharkiv, que fica a 65 quilômetros da fronteira russa, terão apenas um corredor com destino à Rússia à disposição.

Os corredores de Mariupol e Sumy levarão a outras cidades ucranianas e à Rússia. Aqueles que quiserem deixar Kiev também poderão ser transportados de avião para a Rússia, disse o ministério, acrescentando que usaria drones para monitorar o êxodo.

No fim de semana, houve uma tentativa fracassada de retirar civis das áreas de conflito, com a ocorrência, inclusive, de mortes, quando forças russas dispararam morteiros, no domingo, sobre uma ponte usada por um grupo que fugia dos combates nos arredores de Irpin, perto de Kiev, matando três pessoas de uma família.

Duas operações de retirada de civis planejadas de Mariupol e na cidade vizinha de Volnovakha, no Sul da Ucrânia, falharam nos últimos dias após os dois países se acusarem mutuamente de não interromperem bombardeios. Em Mariupol, as autoridades ucranianas disseram que planejam retirar mais de 200 mil civis, metade da população da cidade.

Macron chamou os corredores rumo à Rússia como “cinismo moral e político” de Vladimir Putin:

“Não conheço muitos ucranianos que queiram se refugiar na Rússia. Nada é sério. É um cinismo moral e político que me parece insuportável”, disse Macron em entrevista transmitida pela rede de televisão LCI.

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