O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse no domingo (11) que suas forças retomaram mais de 3.000 quilômetros quadrados em uma contra-ofensiva rápida no leste da Ucrânia. Sua última atualização, se confirmada, significa que as forças de Kiev mais que triplicaram seus ganhos em pouco mais de 24 horas, retomando cidades do controle russo.
O rápido avanço da Ucrânia fez com que as tropas entrassem nas principais cidades de Izyum e Kupiansk no sábado (10).
Na semana, Zelensky disse que suas forças haviam recapturado 1.000 quilômetros quadrados, e no sábada, ele aumentou o número para 2.000 quilômetros quadrados.
A BBC não conseguiu verificar os dados, e jornalistas tiveram o acesso negado às frentes de guerra.
As autoridades de defesa do Reino Unido afirmaram que os combates continuam fora das cidades que teriam sido recapturadas. E autoridades em Kiev disseram que as forças ucranianas ainda estão lutando para obter o controle de vários assentamentos ao redor de Izyum, acrescentando que mais de 30 cidades e vilarejos foram retomados na região de Kharkiv.
O Ministério da Defesa da Rússia confirmou a retirada de suas forças de Izyum e Kupiansk, que, segundo o órgão, permitiria que suas forças “se reagrupassem” em território controlado por separatistas ucranianos apoiados por Moscou.
O ministério russo também confirmou a retirada das tropas de uma terceira cidade importante, Balaklyia, a fim de “reforçar os esforços” na frente de Donetsk. Forças ucranianas entraram na cidade na sexta-feira (9).
Enquanto isso, o chefe da administração instalada pela Rússia na região de Kharkiv recomendou que seu povo evacuasse para a Rússia “para salvar vidas”.
Imagens não verificadas nas mídias sociais pareciam mostrar longas filas de veículos nas passagens de fronteira.
E o governador da região fronteiriça de Belgorod, na Rússia, disse que suprimentos, aquecimento e assistência médica estarão disponíveis para as pessoas na fila.
O ritmo do contra-ataque não só pegou os russos desprevenidos mas também surpreendeu alguns ucranianos.
Mas os russos ainda detêm cerca de um quinto do país, e poucos imaginam um fim rápido para a guerra.
Os avanços ucranianos, se mantidos, seriam as mudanças mais significativas na linha de frente desde que a Rússia se retirou de áreas ao redor de Kiev, em abril.
Kupiansk serviu como principal centro de abastecimento oriental da Rússia e a perda de Izyum, que Moscou passou mais de um mês tentando tomar no início da guerra, seria vista como uma grande humilhação para o presidente russo, Vladimir Putin.
De acordo com um especialista militar, o avanço marca a primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial que unidades russas inteiras foram perdidas.
Os ganhos também serão vistos como um sinal de que o exército ucraniano tem capacidade para retomar o território ocupado – algo crucial, pois Kiev continua a pedir apoio militar a aliados ocidentais que estão sob pressão.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse que os últimos acontecimentos mostraram que suas forças podem acabar com a guerra mais rapidamente com mais armas ocidentais.
Aos jornalistas foi negado o acesso às linhas de frente, e a Ucrânia está determinada a controlar a guerra de informação.
No sábado (10), as autoridades de defesa do Reino Unido sugeriram que grande parte da área retomada estava sendo apenas “levemente mantida”.
A Ucrânia lançou sua contra-ofensiva no leste no início desta semana, enquanto a atenção internacional estava focada em um avanço antecipado perto da cidade de Kherson, no sul. Analistas acreditam que a Rússia redirecionou algumas de suas tropas mais experientes para defender a cidade.
Mas, além de ganhar terreno no leste, a Ucrânia também está obtendo ganhos no sul, segundo uma autoridade.
Nataliya Gumenyuk, porta-voz do comando sul do exército ucraniano, disse que eles avançaram “entre duas e várias dezenas de quilômetros” ao longo dessa frente.
Mas diz-se que as forças russas que lutam na frente sul se entrincheiraram em posições defensivas, e as tropas ucranianas enfrentaram forte resistência desde o início da ofensiva.
E na própria Kharkiv, uma pessoa foi morta e várias casas foram danificadas no sábado quando foguetes russos atingiram a cidade, segundo autoridades locais.
Em outro local, a reguladora de energia da Ucrânia, Energoatom, diz que o último reator da usina nuclear de Zaporizhzhia, ocupada pela Rússia, foi desligado e não está gerando eletricidade.