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Ucrânia investiga vídeo em que soldados rendidos são executados à queima-roupa por militares russos

O governo ucraniano abriu uma investigação para apurar a conduta dos militares. (Foto: Reprodução)

A Ucrânia acusa a Rússia de ter cometido um crime de guerra com base em um vídeo gravado por drone e que circula nas redes sociais. Nas imagens, três soldados ucranianos, capturados na região de Zaporíjia, desarmados e ajoelhados, aparecem sendo executados a tiros à queima-roupa por uma tropa russa. O governo ucraniano abriu uma investigação para apurar a conduta dos militares.

A gravação foi publicada pela primeira vez no Telegram da estação de transmissão ucraniana Hromadske, na quarta-feira, e compartilhada nas demais plataformas. O Gabinete do Procurador-Geral da Ucrânia comunicou a abertura da investigação no mesmo dia, diante da popularidade do vídeo, que viralizou nas redes sociais, especialmente entre ucranianos.

De acordo com o Gabinete, as vítimas que aparecem no vídeo, cuja gravação teria sido realizada neste mês de dezembro, são três soldados que estavam mantidos como prisioneiros de guerra em um local próximo à aldeia de Robotyne, na região sudeste de Zaporíjia.

A Rússia não respondeu à acusação. Esta é a segunda denúncia feita por promotores ucranianos contra o país de Putin neste mês. No início de dezembro, a Ucrânia acusou o governo russo de cometer um crime de guerra com base em outro vídeo que circulou nas redes sociais. Nas imagens, é possível ver vários soldados atirando em dois militares que se rendiam ao saírem de um abrigo.

“Este é mais um caso de violação grave por parte do país agressor do direito humanitário internacional no que diz respeito ao tratamento de prisioneiros de guerra”, afirmou a procuradoria num comunicado.

Poema

Em outra frente, um tribunal de Moscou condenou nessa quinta-feira (28) dois homens a vários anos de prisão por participarem da recitação de versos contra a ofensiva do país contra a Ucrânia durante um protesto antimobilização no ano passado. Artyom Kamardin, de 33 anos, foi condenado a sete anos de prisão por recitar um poema, e Yegor Shtovba, de 23, foi condenado a cinco anos e meio por participar no protesto.

Os dois foram vistos atrás de uma divisória de vidro em um tribunal fortemente vigiado. Pouco antes de sua sentença, um sorridente Kamarinin recitou um poema que se refere à poesia como “angustiante” e muitas vezes detestada por “pessoas acostumadas à ordem”. Depois que a frase foi lida, houve gritos de “Vergonha!” de apoiadores no tribunal, alguns dos quais foram posteriormente detidos pela polícia do lado de fora do prédio do tribunal.

As autoridades russas detiveram milhares de pessoas por atos de protesto contra a ofensiva na Ucrânia, sendo as críticas efetivamente proibidas. Kamarinin alegou que durante a sua detenção foi violado por agentes da polícia e forçado a filmar um vídeo de desculpas enquanto os agentes ameaçavam o seu parceiro. Na véspera de sua prisão, em setembro de 2022, ele havia recitado seu poema “Mate-me, miliciano!” numa praça de Moscou, onde os dissidentes se reúnem desde a era soviética.

Kamarin também gritou slogans ofensivos contra o projeto imperial “Nova Rússia”, que visa anexar o sul da Ucrânia. Ambos foram condenados por “incitar ao ódio” e “apelar à realização de atividades que ameacem a segurança do Estado”. Kamarin disse ao tribunal que não sabia que suas ações infringiam a lei e pediu misericórdia.

“Não sou um herói e ir para a prisão pelas minhas crenças nunca esteve nos meus planos”, disse ele num comunicado, publicado no canal Telegram dos seus apoiantes. As informações são da agência de notícias AFP.

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