Sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 14 de fevereiro de 2022
O governo ucraniano negou, de maneira enfática, informações publicadas em veículos de imprensa do Ocidente de que o presidente Volodymyr Zelensky teria dito que o seu país seria invadido pela Rússia no dia 16 de fevereiro, sugerindo que houve problemas de compreensão [e tradução] das palavras do chefe de Estado.
No centro da questão está um pronunciamento feito por Zelensky, na noite desta segunda-feira (14), no qual defende suas políticas de governo, a capacidade do Estado ucraniano de resistir a um ataque e reitera o desejo de resolver a atual crise com a Rússia de forma diplomática.
Na fala, o presidente afirma que seu país “está novamente sendo intimidado, e que a data para uma invasão militar está sendo marcada novamente”. Mais à frente, declara que “estão nos dizendo que o dia 16 de fevereiro será o dia do ataque” – desde a semana passada, veículos de imprensa dos EUA apontam que o presidente dos EUA, Joe Biden, teria mencionado a data durante reunião virtual com líderes aliados.
Nesta segunda-feira, alguns trataram o pronunciamento como se Zelensky estivesse reconhecendo o dia 16, na quarta-feira, como o dia do ataque, mas a interpretação foi rapidamente negada por integrantes do governo e mesmo jornalistas que acompanham, há mais tempo, os temas da região.
“O presidente se referia a uma data que foi divulgada pela imprensa. Não é nem uma data oficial, é só uma data que veio de alguns funcionários de governo, um vazamento”, afirmou à NBC News o porta-voz da Presidência, Serhiy Nikiforov.
Zelensky tem evitado replicar os alertas de governos ocidentais e afirma não ter sinais concretos de que as tropas russas planejam invadir seu país. Em janeiro, durante entrevista, ele disse que os relatos estão ajudando a criar pânico em seu país, ainda mais com tantas datas para prováveis ataques sendo anunciadas desde o ano passado.
“É compreensível que muitos ucranianos sejam céticos em relação às várias ‘datas específicas’ ou o chamado ‘início de invasão’ anunciado na imprensa”, disse à agência de notícias Reuters Mykhailo Podolyak, assessor do governo. “Quando o ‘início da invasão’ traz tantas datas diferentes, esses anúncios da imprensa só podem ser tratados com ironia.”
Zelensky ainda decretou, no dia 16, um feriado nacional, o Dia da Unidade Nacional.
“O decreto já foi assinado. Neste dia, vamos levantar bandeiras nacionais, colocar fitas amarelas e vermelhas e mostrar ao mundo nossa união”, afirmou o presidente no pronunciamento. “Tudo que queremos é viver felizes, e a felicidade ama os fortes. Nunca soubemos desistir, e não vamos aprender isso agora.”
Durante a fala, o presidente fez uma defesa contundente da capacidade ucraniana de se defender militarmente e louvou o apoio dado por grande parte da comunidade internacional. Ele ainda sugeriu a via diplomática para a resolução de divergências com outras nações, incluindo a Rússia, embora não tenha mencionado nominalmente o país.
“Queremos a paz e queremos resolver todas questões exclusivamente através da diplomacia. Donbass e a Crimeia vão retornar à Ucrânia exclusivamente pela diplomacia”, disse Zelensky, referindo-se, respectivamente, à região sob controle de separatistas pró-Moscou e àquela anexada pela Rússia. As informações são do jornal O Globo e de agências internacionais de notícias.