Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 18 de abril de 2023
Estados Unidos e União Europeia criticaram declarações do presidente brasileiro a respeito do conflito no Leste Europeu
Foto: ReproduçãoO porta-voz da diplomacia ucraniana, Oleg Nikolenko, reforçou, nesta terça-feira (18), o convite para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) visite o país “a fim de compreender as reais razões e a essência da agressão russa”.
Em comunicado divulgado nas redes sociais, Nikolenko ressaltou que a “abordagem que coloca vítima [Ucrânia] e agressor [Rússia] na mesma escala não corresponde à situação real” do conflito no Leste Europeu.
Entenda o caso
Em entrevista nos Emirados Árabes Unidos no último domingo (16), Lula afirmou: “O presidente Putin não toma iniciativa de paz. O Zelensky não toma iniciativa de paz. A Europa e os Estados Unidos terminam dando contribuição para a continuidade dessa guerra”.
Na segunda-feira (17), os EUA e a UE (União Europeia) rebateram as declarações do petista. O porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, pontuou, então, que o chefe de Estado brasileiro “está reproduzindo propaganda russa e chinesa” e que os comentários foram “simplesmente equivocados”.
Já Peter Stano, porta-voz principal para Assuntos Externos da União Europeia, destacou que “os Estados Unidos e a União Europeia trabalham juntos, como parceiros de uma ajuda internacional. Estamos ajudando a Ucrânia em exercícios para legítima defesa”.
“Não é verdade que os EUA e a UE estão ajudando a prolongar o conflito. Nós oferecemos inúmeras possibilidades à Rússia de um acordo de negociação em termos civilizados”, acrescentou Stano.
“Decisão de dois países”
Também durante a entrevista em Abu Dhabi, Lula disse que “a construção da guerra foi mais fácil do que será a saída da guerra. Porque a decisão da guerra foi tomada por dois países”.
Ele avaliou que a paz é a melhor forma de estabelecer um processo de conversação, mas “do jeito que está a coisa, a paz está muito difícil”. Ainda defendendo as conversas, avaliou que é necessário envolver também Estados Unidos e União Europeia.
O porta-voz da União Europeia criticou essa fala, pontuando que “a Rússia – e somente a Rússia – é responsável [pelo conflito]. Ela gerou provocações e agressões ilegítimas contra a Ucrânia. Não há questionamentos sobre quem é o agressor e quem é a vítima”, afirmou.
“A Rússia está matando civis, destruindo a infraestrutura civil e sequestrando crianças ucranianas. Também está roubando propriedades e território ucranianos”, adicionou.
Confira a íntegra do comunicado publicado pelo porta-voz ucraniano:
“A Ucrânia observa com interesse os esforços do presidente do Brasil para encontrar uma solução para acabar com a guerra.
Ao mesmo tempo, a abordagem que coloca a vítima e o agressor na mesma escala, e os países que ajudam a Ucrânia a se defender de agressões mortais, são acusados de encorajar a guerra, não corresponde à situação real.
A Ucrânia não precisa ser convencida de nada. A guerra de agressão está sendo travada em solo ucraniano e está causando sofrimento e destruição incalculáveis. Mais do que ninguém no mundo, buscamos o fim da agressão russa com base na Fórmula da Paz proposta pelo presidente Zelensky.
Confirmamos o convite a Luiz Inácio Lula da Silva para visitar a Ucrânia a fim de compreender as reais razões e a essência da agressão russa e suas consequências para a segurança global.”