Quinta-feira, 14 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 3 de setembro de 2024
Um ataque de míssil russo na cidade de Poltava, no Leste da Ucrânia, matou pelo menos 51 pessoas e feriu outras 271 nessa terça-feira (3), afirmou o presidente Volodymyr Zelensky. Dois mísseis balísticos atingiram uma instalação de treinamento militar na cidade, localizada a cerca de 350 quilômetros de Kiev e Kharkiv, além de um hospital nas proximidades, prendendo pessoas sob os escombros.
“De acordo com as informações disponíveis agora, este ataque russo matou 51 pessoas”, disse Zelensky em seu discurso noturno, prometendo responsabilizar o que ele chamou de “escória russa”, enquanto as equipes de resgate trabalhavam para limpar os escombros. “O número de feridos é 271. Sabemos que há pessoas sob os escombros do prédio destruído. Tudo está sendo feito para salvar o máximo de vidas possível.”
Mais cedo, a primeira-dama Olena Zelenska havia afirmado que o número de mortos era 47, com 206 feridos. “Um dos edifícios do Instituto de Comunicações Militares de Poltava foi parcialmente destruído”, disse o mandatário ucraniano em um vídeo publicado mais cedo. “Minhas condolências a todas as famílias e amigos. Todos os serviços necessários estão envolvidos na operação de resgate. Sou grato a cada pessoa que tem ajudado aqueles que salvam vidas desde os primeiros minutos após o impacto.”
O ataque parece ser um dos mais mortais realizados pelas forças russas desde o início da guerra, em fevereiro de 2022, publicou a Associated Press. O Ministério da Defesa ucraniano informou que o intervalo de tempo entre o som das sirenes de alerta e o impacto foi tão curto que muitas pessoas foram mortas a caminho dos abrigos. Moradores da região se organizaram para doar sangue e ajudar os feridos. Ao menos 25 pessoas foram resgatadas, das quais 11 foram retiradas dos escombros.
Vladimir Rogov, oficial nomeado pelo Kremlin no sul da Ucrânia, escreveu no Telegram que o ataque tinha como alvo a cerimônia de formação militar do Instituto de Comunicações, escola que oferece treinamento de radar e guerra eletrônica. Os mísseis, disse, foram enviados quando centenas de cadetes se reuniam ao ar livre para o evento. A alegação de Rogov, que poderia explicar o alto número de mortos, não pôde ser verificada de maneira independente.
Ainda assim, ataques contra tropas que se concentraram para observar o protocolo militar ou receber prêmios já ocorreram no passado. Em novembro de 2023, um míssil russo atingiu uma cerimônia de medalhas para tropas de artilharia na região de Zaporíjia, matando 19 soldados que se destacaram como artilheiros habilidosos. O incidente desatou críticas à liderança militar e civil, e Zelensky disse que abriria uma investigação para evitar que situações do tipo voltassem a acontecer.
Agora, o presidente ucraniano mais uma vez disse ter determinado uma “investigação completa e rápida” sobre as circunstâncias do ataque desta terça-feira, e o governador de Poltava, Filip Pronin, anunciou três dias de luto a partir desta quarta. No Telegram, ele escreveu que as mortes representam “uma grande tragédia para a região de Poltava e para toda a Ucrânia”, acrescentando que “o inimigo certamente deve responder por todos os seus crimes contra a Humanidade”.
O ataque ocorreu enquanto o presidente da Rússia, Vladimir Putin, está de visita na Mongólia, um dos países signatários do Tribunal Penal Internacional (TPI), que emitiu um mandado de prisão contra ele por crimes de guerra cometidos no conflito na Ucrânia. Não havia indicações, porém, de que o líder russo seria detido por seus anfitriões – algo que o Ministério das Relações Exteriores ucraniano classificou como um “duro golpe” para o sistema de direito penal internacional.
Esta é a primeira vez que Putin visita uma nação que aderiu ao TPI desde que o órgão solicitou sua prisão, há quase 18 meses, sob a acusação de levar ilegalmente crianças de territórios ocupados na Ucrânia para a Rússia. Desde a fundação do tribunal, outros indivíduos que foram alvo de mandados de prisão do TPI, como o ex-ditador sudanês Omar al-Bashir, viajaram para Estados signatários do Estatuto de Roma sem serem detidos. A Mongólia assinou o estatuto em 2000 e ratificou sua adesão ao tribunal dois anos depois. As informações são dos jornais O Globo e The New York Times.