Ícone do site Jornal O Sul

UFRGS inaugura o seu primeiro laboratório com alto nível de segurança biológica

Estrutura permite a manipulação de vírus, bactérias e outros microrganismos em ambiente controlado. (Foto: Rochele Zandavalli/UFRGS)

Localizado em Porto Alegre, o Instituto de Ciências Básicas da Saúde (ICBS) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) inaugurou o seu primeiro laboratório com nível de biossegurança nº 3 (NB3), o segundo mais alto nesse quesito. A unidade permite o uso tanto por pesquisadores da instituição quanto por empresas públicas ou privadas, a partir do mês que vem.

São 80 metros-quadrados no 4º andar da Ala Sul do novo prédio do ICBS, dentro do Campus Saúde (rua Ramiro Barcelos nº 2.600, bairro Santana). A estrutura já estava instalada desde maio, mas teve o seu funcionamento adiado por causa dos impactos das enchentes no Estado.

O investimento total é de R$ 4,5 milhões, com recursos dos governos gaúcho e federal, no âmbito de um edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs).

Com o NB3 da UFRGS, o Rio Grande do Sul passa a contar com três laboratórios de ambiente altamente controlado – os outros dois estão na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), também na Capital, e na Universidade Federal de Santa Maria (Região Central do Estado).

Detalhamento

O laboratório NB3 é uma área de contenção onde são manipulados microrganismos de forma segura, em uma área projetada para facilitar a limpeza e desinfecção: 100% do ar é filtrado e esterilizado antes de sair do laboratório.

São quatro salas de trabalho: uma para manipulação de vírus, uma para bactérias e duas para manipulação e alojamento de animais. Isso inclui o desenvolvimento de pesquisas com microrganismos classificados em nível de biossegurança nº 3, que viabiliza o estudo de HIV e de outros vírus, tais como os da febre amarela, gripe influenza, dengue, zika, chikungunya, além de bactérias como o bacilo de Koch (causador da tuberculose).

Essa infraestrutura permitirá o desenvolvimento de projetos inovadores, como teste de novas moléculas, medicamentos, insumos e vacinas, além de estudos de como microrganismos atuam no corpo. Também poderá incentivar o desenvolvimento regional da indústria farmacêutica, segmento em que Estado ainda é incipiente.

Com a palavra…

Diretor-presidente da Fapergs, Odir Dellagostin ressalta que a pandemia de covid levou à constatação da necessidade de mais laboratórios desse nível de segurança para entender melhor a dinâmica do coronavírus:

“Redirecionamos recursos para construção de uma unidade multiusuário que atendesse o Estado. A proposta mais adequada foi apresentada pelo ICBS, prevendo um Rio Grande do Sul mais bem preparado para a realização de estudos e pesquisas de alto nível de segurança em relação a patógenos”.

Para a reitora da UFRGS, Marcia Barbosa, o novo espaço proporciona uma grande oportunidade para a formulação de questionamentos e respostas relativas a questões que antes não eram possíveis em pesquisas da instituição, por falta de equipamento qualificado:

“Passamos a trabalhar com o nível de elementos biológicos que não podíamos antes e isso abre a perspectiva de uma ciência que sabemos fazer, porque temos a competência acadêmica para isso mas não contávamos com instrumentos para tal”.

Diretora do ICBS, Ilma Brum considera esse avanço fundamental para a proteção da saúde pública e a segurança da comunidade local ou mesmo de outros grupos: “Estaremos preparados para novas ameaças de agentes pandêmicos, contribuindo para a rápida detecção, pesquisa e desenvolvimento de estratégias de contenção e tratamento”.

O projeto foi coordenado pelo professor Paulo Michel Roehe, agora aposentado e que também se manifestou: “Sonhei com esse laboratório há mais de 20 anos e, mesmo afastado, acompanharei os trabalhos ali desenvolvidos. Espero que toda a comunidade gaúcha faça o melhor uso dessa estrutura”.

(Marcello Campos)

Sair da versão mobile