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Por Redação O Sul | 26 de julho de 2019
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), junto com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) se pronunciaram nesta quinta-feira (25), sobre o anúncio da empresa americana Allergan, em relação o recall mundial das próteses de silicone texturizadas.
A Anvisa divulgou que está proibida a comercialização de três tipos de próteses de mama em todos os mercados onde atua a Allergan, inclusive no Brasil, depois que a Food and Drug Administration (FDA), agência que regula alimentos e medicamentos nos EUA, recomendou a interrupção do uso em solo norte-americano.
Os produtos estão ligados a um câncer incomum, mas que pode se tornar letal: o linfoma anaplásico de grandes células associado a implantes mamários.
O anúncio feito pela SBCP foi para tranquilizar as pessoas que possuem implantes de silicone, pois não há necessidade de retirar a prótese, a não ser que sintam algum desconforto ou inchaço no local. De acordo com a FDA, houve 573 casos desse tipo de câncer em todo o mundo, com 33 mortes; destes, 481 (e 12 mortes) foram diretamente atribuídos aos implantes da Allergan. Desses 573 casos, apenas 14 foram diagnosticados no Brasil.
Os produtos cuja venda está suspensa são da marca Natrelle Expansor Tissular Texturizado e Acessórios Allergan (lotes a partir de 25/07/2014); Natrelle Implante Mamário Texturizado Allergan (todos os lotes) e Natrelle Implante Mamário Texturizado Duplo Lúmen e Acessórios Allergan (todos os lotes).
A venda desses produtos já haviam sido suspensas temporariamente pela Anvisa, em dezembro do ano passado, porém, no mês de março deste ano, eles retornaram ao mercado. E a partir de ontem (25), a agência brasileira proibiu novamente o comércio deles.
Nesta quarta-feira (24), a Allergan divulgou uma nota oficial, afirmando que “os implantes mamários e os expansores de tecido texturizados preenchidos com solução salina e silicone Biocell não serão mais distribuídos ou vendidos em nenhum mercado onde estão atualmente disponíveis. A partir de agora, cirurgiões não devem mais utilizar as próteses e expansores de tecido mencionados e todos os produtos em estoque devem ser devolvidos à Allergan”.
A empresa disponibilizou canais em seu site para orientar os clientes. Nem ela nem a FDA recomendaram a remoção imediata dos implantes em mulheres que não tenham sintomas de doença.O principal sintoma deste tipo de linfoma é um inchaço e acúmulo de líquido ao redor do implante. Se isso ocorrer, o fluido deve ser drenado e testado para o câncer.
“Mulheres que tenham acúmulo de líquido perto da prótese muitos anos depois da cirurgia, algo como 8 a 10 anos, devem investigar o caso, com mamografia e até biopsia”, diz Fábio Nucci, hematologista da Oncologia D’Or. “O tratamento é a retirada da prótese e, dependendo do grau da doença, só isso basta. Há casos, no entanto, em que é preciso fazer quimioterapia.”
A FDA vem monitorando a situação desde 2011, quando foi verificado que um raro tipo de câncer foi associado a próteses texturizadas, o câncer do linfoma anaplástico de grandes células (ALCL).
De acordo com o médico cirurgião plástico, Denis Valente, “se acredita que a Allergan tenha 16 vezes mais risco do que a Mentor”. “E que a Silimed Poliuretano, produzida no Brasil, tenha 23 vezes mais risco do que a mentor”.
Segundo Valente é necessário que as mulheres que possuem a prótese façam exames de rotina.”A doença é de fácil diagnóstico e de tratamento muito efetivo, não há qualquer indicação para retirar se os exames estiverem normais”, ressalta.